Perspectiva Global Reportagens Humanas

Cresce chance de temperatura subir 1,5° C temporariamente nos próximos cinco anos  BR

Nações mais ricas do mundo ainda não cumpriram promessa em relação aos US$ 100 bilhões anuais em ajuda para a ação climática
Irin/Jacob Zocherman
Nações mais ricas do mundo ainda não cumpriram promessa em relação aos US$ 100 bilhões anuais em ajuda para a ação climática

Cresce chance de temperatura subir 1,5° C temporariamente nos próximos cinco anos 

Clima e Meio Ambiente

Probabilidade praticamente dobrou em comparação com previsões de 2020; estimativas indicam que pelo menos um ano entre 2021 e 2025 pode entrar para a história como o mais quente já registrado.  

Há cerca de 40% de chance de a temperatura global média anual atingir um aumento temporário de 1,5° C em pelo menos um dos próximos cinco anos.  

De acordo com uma atualização da Organização Meteorológica Mundial, OMM, divulgada nesta quinta-feira, essas chances estão aumentando com o tempo.  

Previsões 

Também existe uma probabilidade de 90% de pelo menos um ano entre 2021 e 2025 se tornar o mais quente já registrado, o que desalojaria 2016 do topo do ranking.   

Como funciona o Acordo de Paris sobre o Clima?

Nesses anos, as regiões de alta latitude e o Sahel provavelmente serão mais úmidas e há uma chance maior de mais ciclones tropicais no Atlântico em comparação com o passado recente.  

Em comunicado, o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, disse que “estas são mais do que apenas estatísticas.” 

Segundo ele, “o aumento das temperaturas significa mais derretimento do gelo, níveis mais elevados do mar, mais ondas de calor e outras condições climáticas extremas e maiores impactos na segurança alimentar, saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável.” 

Metas 

O estudo mostra, com um alto nível de certeza científica, que o mundo se está aproximando da meta mais baixa definida no Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas. 

A chance de atingir temporariamente 1,5° C praticamente dobrou em comparação com as previsões do ano passado.  

Para Taalas, este “é mais um alerta de que o mundo precisa acelerar os compromissos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e alcançar a neutralidade de carbono.” 

A pesquisa também ressalta a necessidade de adaptação ao clima. Nesse momento, apenas metade dos 193 Estados-membros da OMM têm serviços de alerta precoce de última geração. 

O chefe da OMM disse que os países devem continuar apostando em serviços necessários na adaptação, como saúde, água, agricultura e energia renovável. Para Taalas, além de limitações em serviços de alerta precoce, existem graves lacunas nas observações do tempo, especialmente na África e nos estados insulares. 

Dados mostram mudanças como aumento do nível do mar, derretimento do gelo marinho e geleiras e mudanças nos padrões de precipitação
OMM/Gonzalo Bertolotto
Dados mostram mudanças como aumento do nível do mar, derretimento do gelo marinho e geleiras e mudanças nos padrões de precipitação

Mudanças 

Em 2020, um dos três anos mais quentes já registrados, a temperatura média global já ficou 1,2° C acima da linha de base pré-industrial.  

Nos próximos cinco anos, a temperatura global média anual deve ser pelo menos 1° C mais alta.  

O Acordo de Paris visa manter o aumento da temperatura global neste século bem abaixo de 2° C. Os compromissos nacionais, conhecidos como contribuições nacionalmente determinadas, estão atualmente muito aquém do que é necessário para atingir essa meta. 

Para a ONU, o ano de 2021 e as negociações durante a Conferência do Clima, COP-26, que acontece em novembro, são uma das últimas oportunidade para evitar que as mudanças climáticas fiquem fora de controle. 

Combater a mudança climática também está no topo da agenda da Cúpula dos Líderes do G-7, realizada no Reino Unido de 11 a 13 de junho.