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Novo painel da ONU quer blindar saúde global contra doenças de origem animal BR

Técnicos num centro de pesquisa e treinamento em zoonoses virais, em Bangkok, na Tailândia
OMS/P. Phutpheng
Técnicos num centro de pesquisa e treinamento em zoonoses virais, em Bangkok, na Tailândia

Novo painel da ONU quer blindar saúde global contra doenças de origem animal

Saúde

Especialistas alertam para urgência de mais contenção de destruição da natureza; o foco é reconhecer questões complexas e multidisciplinares entre a saúde humana, animal e ambiental; transformar iniciativa One Health em políticas concretas que salvaguardem a saúde das pessoas é a meta.

Várias organizações internacionais lançaram um Novo Painel de Especialistas de Alto Nível em Saúde para melhorar a percepção de como doenças com potencial para desencadear pandemias.

O painel deve assessorar a Organização Mundial para a Saúde Animal, OIE, o Programa da ONU para o Ambiente, Pnuma, e a OMS na elaboração de um plano de ação global de longo prazo para prevenir doenças como a gripe aviária H5N1, Mers, Ebola, Zika e talvez a Covid-19. 

Três quartos de todas as doenças infecciosas no mundo são de origem animal
CDC
Três quartos de todas as doenças infecciosas no mundo são de origem animal

Ligação

Três quartos de todas as doenças infecciosas no mundo são de origem animal. 

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, destacou que a ligação entre a saúde ambiental, humana e animal exige colaboração estreita, comunicação e coordenação entre setores relevantes e o painel é necessário para transformar a agenda em políticas concretas que salvaguardem a saúde das pessoas.

Para o Chefe da OMS, a saúde humana não existe no vazio, nem os nossos esforços em proteger e promovê-la.

A iniciativa vai funcionar mediante uma abordagem designada One Health, que reconhece ligações entre a saúde humana, animal e ambiental.  E defende a necessidade de abordagem de ameaças sanitárias por especialistas multe setoriais por forma a prevenir perturbações de sistemas agroalimentares.

Transmissão 

Os primeiros passos incluem análises sistemáticas do conhecimento científico sobre os fatores de transmissão animal homem e vice-versa, o desenvolvimento de estudos de risco e quadros de supervisão, a identificação das lacunas de aptidão e o acordo sobre as boas práticas para prevenir e estar atento aos surtos zoonóticos.

A Covid-19 é um lembrete claro que a colaboração entre setores é absolutamente necessária para a saúde global, notou a Diretora-Geral da Organização Mundial da Saúde Animal. 

Testes rápidos são primeira forma de se detectar o vírus
Aeia/Dean Calma
Testes rápidos são primeira forma de se detectar o vírus

A OIE e entidades parceiras fornecem perícia para desenvolver ciências baseadas em programas e estratégias da agenda One Health. O painel vai liderar a criação de uma nova agenda de pesquisa dinâmica e elaboração de recomendações baseadas em evidências para ações de caráter global, regional, nacional e local.

Também serão levados em conta o impacto da atividade humana sobre o ambiente e o habitat selvagem, tendo como áreas críticas a produção e distribuição de alimento, urbanização e desenvolvimento de infraestruturas, viagem internacional e comercio.  

Tripla crise

As atividades que conduzem a perda da biodiversidade e alterações climáticas e as que aumentam a pressão sobre a base dos recursos naturais também podem conduzir a doenças de origem animal.

Para a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, é preciso compreender que a saúde do homem, animal e o planeta andam de mãos dadas para acabar com a crise planetária de alterações climáticas, perda da biodiversidade e poluição que ameaçam a paz e prosperidade mundiais.

Os especialistas acreditam que o painel vai ajudar a entender melhor as raízes e a propagação da doença para alertar os decisores a prevenirem, a longo prazo, os riscos da saúde pública e querem que seja um exemplo de quebra de grupos específicos, pensamento sistêmico e diálogo aberto.

*De Bissau para a ONU News, Amatijane Candé