Satélites ajudam com atualização sobre concentrações perigosas de aerossóis
Partículas minúsculas contaminadas podem elevar número de mortes em áreas que sofrem incêndios; elas também são necessárias para garantir o funcionamento básico do ecossistema por se vinculam à água para formar nuvens.
Um novo Boletim de Aerossóis sobre Queima de Biomassa, da Organização Meteorológica Mundial, OMM, recolhe dados sobre incêndios via satélite.
A informação apoia áreas como proteção civil e monitoria da qualidade global do ar. A agência da ONU cita os incêndios sem precedentes ocorridos entre 2019/2020 na Austrália como um episódio que ilustra até que ponto seria a dimensão dessa exposição.
Afinidade com água
Mais de 10 milhões de pessoas podem ter inalado concentrações perigosas dessas partículas minúsculas. Elas estão suspensas na atmosfera e se apresentam na natureza nos estados sólido ou líquido unindo-se facilmente com a água.
Com o desastre ocorrido entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020 foram perdidas 34 vidas, 12 milhões de hectares de terras, 3,5 mil casas e uma quantidade significativa de vida selvagem e habitats.
A fumaça dos incêndios baixou de forma severa a qualidade do ar em toda a região sudeste da Austrália e se movimentou em grande distância até à vizinha Nova Zelândia.
O Boletim do Aerossol destaca que a exposição a essas partículas poderia levar a mais 400 mortes. Cerca de 1.120 internações hospitalares seriam por problemas cardiovasculares, 2.030 por doenças respiratórias e 1,3 mil atendimentos de emergência por asma após o alojamento de aerossóis nos pulmões.
Pulmão
Mas em regiões como a Amazônia, as partículas de aerossóis são fundamentais para garantir o funcionamento básico do ecossistema. Elas são úteis na formação das nuvens quando se associam ao vapor de água.
O novo boletim da Organização Meteorológica Mundial sobre Aerossóis examina o impacto da queima de biomassa devido a incêndios florestais e a céu aberto como acontece na agricultura. O foco da avaliação é no clima e na qualidade do ar.
O efeito de incêndios de turfa na Indonésia em 2015 e o transporte de fumaça dos incêndios florestais boreais para o Ártico também são apontados pela agência como exemplos do aumento de fogos ativos em todo o mundo. Em muitas regiões do mundo essas temporadas estão claramente definidas e não têm grande variação de um ano para outro.
Atividade global
Nas regiões tropicais, as condições de incêndio são impulsionadas pelo início e pela duração da estação seca. O fogo é mais usado na agricultura como uma ferramenta para limitar o crescimento da vegetação na estação chuvosa.
Fora do ambiente tropical, essa atividade normalmente ocorre nos meses de verão, mas geralmente varia mais em comparação com os incêndios nos trópicos.
A OMM constata que a tendência geral na atividade global de incêndios é de declínio nos últimos 20 anos, em grande parte impulsionada por mudanças no uso do fogo para a limpeza de terras agrícolas em regiões tropicais.
As tendências claras são difíceis de determinar para regiões extratropicais devido à variabilidade na distribuição e escala da atividade do fogo num mesmo ano.