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Encontro de alto nível da ONU discute ameaça da resistência antimicrobiana  BR

Participantes pediram desenvolvimento de novos medicamentos
OMS/S.Ramo
Participantes pediram desenvolvimento de novos medicamentos

Encontro de alto nível da ONU discute ameaça da resistência antimicrobiana 

Saúde

Chefes de governo e líderes empresariais alertaram para perigos de uma crise de saúde; se nenhuma ação for tomada, as doenças resistentes aos medicamentos poderão causar 10 milhões de mortes, a cada ano, até 2050.  

Um encontro virtual de alto nível reuniu altos funcionários da ONU, chefes de governo e líderes empresariais para discutir a ameaça da resistência antimicrobiana.  

Atualmente, pelo menos cerca de 700 mil pessoas morrem, por ano, devido a doenças resistentes a medicamentos. 

Crise 

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, disse que a pandemia de Covid-19 foi “uma chamada de atenção para a necessidade de uma abordagem de saúde única para afastar a ameaça da resistência antimicrobiana e futuras pandemias.” 

A escassez de novos tratamentos para doenças graves deixou as pessoas perigosamente expostas às bactérias mais perigosas do mundo.
CDC
A escassez de novos tratamentos para doenças graves deixou as pessoas perigosamente expostas às bactérias mais perigosas do mundo.

Segundo ela, esta é a “oportunidade para responder e se recuperar melhor, em conjunto.” 

Já o presidente da Assembleia Geral, Volkan Bozkir, acredita que o problema “é uma das maiores ameaças que o planeta enfrenta” e que o “seu potencial é arrasador.” 

Para ele, a pandemia deixou as pessoas “perfeitamente cientes dos impactos de uma crise de saúde.” 

Quimioterapia 

Bozkir contou ainda que nenhum dos 43 antibióticos atualmente em desenvolvimento é suficiente para combater o crescente surgimento e disseminação da resistência antimicrobiana. 

Segundo ele, “se as tendências atuais continuarem, intervenções sofisticadas como transplante de órgãos, substituições de articulações, quimioterapia do câncer e cuidados com bebês prematuros, que requerem antimicrobianos, se tornarão muito perigosas e não serão mais possíveis.” 

Se nenhuma ação for tomada, as doenças resistentes aos medicamentos podem causar 10 milhões de mortes, a cada ano, até 2050 e os danos à economia serão tão catastróficos quanto a crise financeira global de 2008-2009. 

Em 2030, o problema pode levar até 24 milhões de pessoas à pobreza extrema. 

Lições 

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, Tedros Ghebreyesus, também realçou a importância de aprender com a crise da Covid-19, destacando questões como solidariedade global e prevenção e controle de infeções. 

Ele disse que o mundo precisa “garantir que organiza e canalizar os mais altos níveis possíveis de vontade política e iniciativa para combater a ameaça persistente de resistência antimicrobiana." 

Em muitas regiões, a resistência antimicrobiana em parasitas animais está adicionando novos desafios à produção animal
FAO/Sergei Gapon
Em muitas regiões, a resistência antimicrobiana em parasitas animais está adicionando novos desafios à produção animal

Já o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, Qu Dongyu, destacou efeito desta ameaça não só para a saúde, mas também para a segurança alimentar. 

Parasitas 

Ele contou que a FAO espera um aumento de 45% na demanda por proteínas animais até 2050.  

Em muitas regiões, a resistência antimicrobiana em parasitas animais está adicionando novos desafios à produção animal.  

Para o chefe da FAO, o mundo deve “enfrentar o duplo desafio de atender as demandas por proteínas animais e, ao mesmo tempo, reduzir os riscos de resistência antimicrobiana." 

Além dos chefes de agências da ONU, participaram no encontro chefes de governo de países como Bangladesh e Barbados, ministros de Estados-membros como Alemanha, Rússia e Gana e vários líderes de ONGs e empresas globais.