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Após encontro sem acordo sobre Chipre, Guterres diz que não desiste de encontrar solução  BR

Secretário-geral da ONU durante encontros 5+1, em Genebra, sobre questão do Chipre
Foto: ONU/Violaine Martin
Secretário-geral da ONU durante encontros 5+1, em Genebra, sobre questão do Chipre

Após encontro sem acordo sobre Chipre, Guterres diz que não desiste de encontrar solução 

Assuntos da ONU

Reunião em Genebra contou com representantes das duas partes da ilha do Mediterrâneo, dividida desde 1974, e membros do governo da Grécia, Turquia e Reino Unido; conversações terminaram sem consenso. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse esta quinta-feira que o encontro informal sobre a questão do Chipre terminou sem “bases comuns suficientes para permitir o reatamento das negociações formais.” 

Nos últimos três dias, a iniciativa reuniu em Genebra membros do grupo 5 + 1, que inclui os representantes das duas partes da ilha e dos governos da Grécia, Turquia e Reino Unido.    

Dificuldades 

Falando a jornalistas em Genebra, Guterres disse que “não foi uma reunião fácil”, apesar de “extensas consultas em uma sucessão de reuniões bilaterais e plenárias para tentar chegar a um terreno comum.” 

O secretário-geral, António Guterres, fala com o líder cipriota turco, Ersin Tatar, durante reunião informal 5+1
Foto: ONU/Jean-Marc Ferré
O secretário-geral, António Guterres, fala com o líder cipriota turco, Ersin Tatar, durante reunião informal 5+1

Mesmo com o desfecho, o secretário-geral afirmou que não desiste. Ele contou que a sua “agenda é muito simples” e que consiste “estritamente em lutar pela segurança e bem-estar dos cipriotas”, gregos e turcos, que merecem viver em paz e prosperidade juntos. 

O secretário-geral informou que as partes concordaram que, num futuro próximo, será convocada outra reunião dos 5 + 1, com o objetivo de alcançar terreno comum para permitir o início de negociações formais.  

Guterres disse ainda que as Nações Unidas estão determinadas a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que, em algum momento, “este diálogo possa ter resultados positivos.” 

Posições 

Ele contou que a posição expressa pelos cipriotas turcos foi que os muitos esforços ao longo dos anos falharam, incluindo a tentativa mais recente feita em Crans Montana, em 2017.  

Segundo o secretário-geral, os turcos acreditam que os esforços para negociar a federação bi-zonal e bi-comunal se esgotaram. Eles também acreditam que “os cipriotas turcos têm uma igualdade soberana inerente” e a solução “deve ser baseada na cooperação de dois Estados entre si.” 

Já a delegação cipriota grega, declarou que as negociações deveriam recomeçar do ponto em que pararam em Crans Montana, com o objetivo de criar uma federação bi-zonal e bi-comunal, com igualdade política.  

Esse acordo deve ter como base as resoluções do Conselho de Segurança, a Declaração Conjunta de 2014, os seis elementos que o secretário-geral apresentou nos encontros de Crans Montana e a posição da União Europeia. 

Boina-azul da ONU em Chipre, controlando zona entre duas partes
Unficyp/Katarina Zahorska
Boina-azul da ONU em Chipre, controlando zona entre duas partes

Esforços 

Guterres disse que, antes do próximo encontro, serão realizadas reuniões para “tentar criar, tanto quanto possível, as condições para que a próxima reunião seja bem-sucedida.” 

O chefe da ONU contou que os participantes concordaram que dois a três meses de intervalo podem ser úteis. Ele contou que “se for um período muito curto, não permitirá nenhum desenvolvimento positivo significativo, se for muito longo, não ajuda na busca comum de uma solução para um acordo.” 

Sobre a possibilidade de uma solução, Guterres disse que “fazer a quadratura do círculo é uma impossibilidade na geometria, mas é muito comum na política.” 

Ele contou que a posição da ONU continua sendo “muito clara” e seguindo o mandato aprovado pelo Conselho de Segurança, que será informado sobre as discussões.  

Questionado sobre se o Conselho de Segurança deve mudar o seu mandato, para incluir uma solução com dois Estados, António Guterres disse que a pergunta deve ser colocada aos Estados-membros do Conselho.