Relatório mostra como crises ambientais colocam gerações futuras sob risco
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, revela que falta de ação da comunidade internacional ameaça futuro da humanidade o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS; nos últimos 50 anos, a população global duplicou, mas cerca de 1,3 bilhão de pessoas continuam pobres e 700 milhões passam fome.
Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, diz que as crises da mudança climática, perda de biodiversidade e poluição são interligadas e colocam sob “risco inaceitável” o bem-estar das gerações atual e futuras.
A nova pesquisa descreve os papéis de todos na sociedade e transformações necessárias para um futuro sustentável.
Crescimento
O estudo diz que uma ação ambiciosa e coordenada por governos, empresas e pessoas pode prevenir e reverter os piores impactos do declínio ambiental, transformando rapidamente os principais sistemas, incluindo energia, água e alimentos, para que o uso da terra e oceanos se tornem sustentáveis.
Segundo a pesquisa, “ações fragmentadas e descoordenadas sobre mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição estão muito aquém do necessário para prevenir o declínio ambiental.”
Nos últimos 50 anos, a economia global cresceu quase cinco vezes, em grande parte devido a uma triplicação na extração de recursos naturais e energia que impulsionou o crescimento da produção e do consumo.
A população global duplicou, para 7,8 bilhões. A prosperidade também dobrou, mas cerca de 1,3 bilhão de pessoas continuam na pobreza e 700 milhões passam fome.
Objetivos
O Pnuma diz que essa falha está ameaçando o futuro da humanidade colocando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, fora de alcance.
No ritmo atual, o mundo caminha para um aquecimento de pelo menos 3°C acima dos níveis pré-industriais até 2100, o que descumpriria a meta do Acordo de Paris, de manter o aquecimento bem abaixo de 2°C.
Nenhum dos objetivos globais para a proteção da vida na Terra e para travar a degradação da terra e dos oceanos foi totalmente alcançado. O desmatamento e a pesca predatória continuam, e 1 milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção.
A pesquisa nota que a camada protetora de ozônio da Terra está sendo restaurada, mas afirma que há muito a ser feito para reduzir a poluição do ar e da água e gerenciar produtos químicos com segurança.
Consequências
O fardo ambiental afeta, desproporcionalmente, os mais pobres e vulneráveis, com os países ricos exportando alguns dos impactos para as nações mais pobres.
Também existem consequências para saúde, com cerca de um quarto das doenças decorrendo de riscos relacionados ao meio ambiente. A poluição do ar causa até 7 milhões de mortes prematuras por ano.
Riscos ambientais, como ondas de calor, inundações, secas e poluição, dificultam os esforços para tornar as cidades e outros assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Cooperação
A pesquisa afirma que as emergências ambientais devem ser abordadas em conjunto.
A pandemia de Covid-19 mostrou os riscos da degradação do ecossistema, bem como a necessidade de cooperação internacional e maior resiliência social e econômica.
Segundo o Pnuma, “garantir que os investimentos desencadeados pela crise apoiem mudanças transformadoras é a chave para alcançar a sustentabilidade rapidamente.”
A pesquisa propõe medidas como taxas de carbono e eliminação gradual de subsídios prejudiciais, como os mais de US$ 5 trilhões que vão anualmente para áreas como combustíveis fósseis e agricultura e pesca não sustentável.
Os países em desenvolvimento também precisam de mais apoio para enfrentar os desafios ambientais, incluindo o acesso a financiamento de juros baixos.