Conselho de Segurança debate cooperação entre ONU e organizações regionais
António Guterres e ex-secretário-geral Ban Ki-moon destacaram importância destas parcerias; discursos de ambos os líderes considerou crise em Mianmar como um teste à comunidade internacional.
O Conselho de Segurança organizou, esta segunda-feira, um debate de alto nível sobre cooperação entre as Nações Unidas e entidades regionais e sub-regionais para prevenir e resolver conflitos.
Discursaram no evento o secretário-geral da ONU, António Guterres, seu predecessor Ban Ki-moon e outros convidados.
Importância
Guterres contou que este tipo de cooperação “cresceu exponencialmente desde 1945”, quando a ONU foi fundada. Hoje, abrange diplomacia, mediação, contraterrorismo, manutenção da paz, promoção dos direitos humanos, combate à mudança climática, entre outros temas.
Segundo o secretário-geral, o investimento nessas parcerias tem resultado “em engajamentos mais eficazes antes, durante e depois das crises, com resultados operacionais concretos.”
Exemplos
O chefe da ONU deu vários exemplos, como a Bósnia e Herzegovina, onde a ONU está trabalhando com a União Europeia, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, Osce, e o Conselho da Europa.
No Sudão, as Nações Unidas apoiaram a União Africana e a Etiópia nas negociações para criar um governo de transição. No Darfur, deu apoio técnico, consultivo e logístico às negociações para o Acordo de Paz de Juba, assinado em outubro de 2020.
No Mali, em setembro do ano passado, a ONU trabalhou com parceiros para apoiar o governo de transição e, na Líbia, está cooperando com a União Africana, a Liga dos Estados Árabes e a União Europeia para apoiar o processo de diálogo e transição. Na Bolívia, Guterres disse que a estreita colaboração entre instituições ajudou a criar uma solução pacífica para a crise após as eleições gerais de 2019.
Para o secretário-geral, “estes exemplos mostram que a capacidade de trabalhar em conjunto e desenvolver complementaridades permite apoiar mais eficazmente os Estados-membros na gestão de transições políticas complexas e na procura de soluções sustentáveis para os desafios políticos.”
Mianmar
O chefe da ONU também destacou o papel da Associação das Nações do Sudeste Asiático, Asean, dizendo que “é mais crucial do que nunca” devido à crise urgente em Mianmar.
Guterres lembrou seus apelos à comunidade internacional para trabalhar, coletivamente e por meio de canais bilaterais, para ajudar a pôr fim à violência e à repressão por parte dos militares.
Ele também pediu que os atores regionais usem “sua influência para evitar maior deterioração e, em última instância, encontrar uma saída pacífica desta catástrofe.”
A enviada especial do secretário-geral, Christine Schraner Burgener, está atualmente na região e pronta para retomar o diálogo com os militares e outros atores.
Negociação
O ex-secretário-geral também destacou essa crise. Ban Ki-moon disse que “as Nações Unidas e seus parceiros regionais têm uma janela curta para cooperar por meio de ações firmes para deter as atrocidades em curso em Mianmar e prevenir uma nova escalada de violência.”
Ban citou grupos de monitoramento de direitos, dizendo que mais de 700 pessoas, incluindo 50 crianças, foram mortas pelas forças de segurança desde a tomada militar de Mianmar em 1º de fevereiro.
Para o ex-chefe da ONU, o agravamento da situação representa “um momento crucial para mostrar a utilidade da cooperação entre a ONU e seus parceiros regionais”.
Ban Ki-moon fez recentemente um pedido às autoridades de Mianmar para visitar o país, para se reunir com todas as partes e tentar ajudar. Ele contou que, infelizmente, seu pedido não foi aceite.