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Mais 100 milhões de crianças sem poder aprender a ler por causa da pandemia  BR

Mais de 100 milhões de crianças cairão abaixo do nível mínimo de proficiência em leitura devido ao impacto do fechamento de escolas
UNICEF
Mais de 100 milhões de crianças cairão abaixo do nível mínimo de proficiência em leitura devido ao impacto do fechamento de escolas

Mais 100 milhões de crianças sem poder aprender a ler por causa da pandemia 

Cultura e educação

Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, reúne ministros de Educação de todo o mundo, em Paris, para discutir soluções; chefe da ONU, António Guterres, participa do evento. 

A crise global de Covid-19 impediu que 100 milhões de crianças a mais aprendessem a ler no último ano letivo. Com as medidas de prevenção da pandemia e fechamento de escolas, o número total de alunos nessa condição foi de 584 milhões no mundo, em 2020.  

Um aumento de mais de 20% que ameaça ganhos das últimas duas décadas feitos na educação. Um estudo do Banco Mundial revela que mais de sete em cada 10 alunos latino-americanos e caribenhos do ensino fundamental, por exemplo, não conseguem compreender um texto de grau de dificuldade moderada. 

Desempenho 

Nesta segunda-feira, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, está reunindo Ministros da Educação de todo o mundo para debater a crise. 

Durante a pandemia, o ensino escolar foi interrompido em média 25 semanas por causa de fechamentos totais ou parciais
UNICEF
Durante a pandemia, o ensino escolar foi interrompido em média 25 semanas por causa de fechamentos totais ou parciais

Os dados constam de um estudo da Unesco sobre o desempenho acadêmico das crianças durante a pandemia: “Um Ano de Covid: Priorizando Recuperação da Educação para Prevenir uma Catástrofe Geracional”. 

Os ministros devem analisar três pontos preocupantes para a agenda de políticas educativas: reabertura das escolas e apoio aos professores, mitigação das perdas no ensino e o êxodo de alunos, e a aceleração da transformação digital. 

Participam do encontro a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o chefe da Organização Mundial da Saúde, OMS, Tedros Ghebreyesus. 

América Latina e Ásia 

Durante a pandemia, o ensino escolar foi interrompido em média 25 semanas por causa de fechamentos totais ou parciais.  A região mais afetada foi América Latina e Caribe seguida pelo centro e sul da Ásia.  

Ao todo, são 114 milhões de alunos latino-americanos e caribenhos prejudicados pelos colégios totalmente fechados. Apenas sete países nesta região reabriram inteiramente seus estabelecimentos de ensino. 

A Unesco afirma que o retorno aos níveis antes da pandemia levará um ano para acontecer. A expectativa de recuperação, caso haja esforços excepcionais, deve ser para 2024. 

Numa coleta de dados da Unesco e do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, apenas um quarto dos estudantes se beneficiam de medidas para remediar os danos causados à educação pela Covid-19. 

Muitos alunos ainda não regressaram às salas de aula
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Muitos alunos ainda não regressaram às salas de aula

Na metade dos países do mundo, as escolas foram completamente reabertas. São 107 nações. A maioria na África, na Ásia e na Europa com 400 milhões de crianças do ensino pré-primário ao secundário. 

Êxodo escolar 

Mas em pelo menos 30 países, os colégios ainda não reabriam suas portas impactando 165 milhões de crianças e jovens.  

E um total de 1 bilhão de estudantes estão em regime de abertura parcial ou híbrida em 70 nações.  

A Unesco diz que o mundo pós-pandemia tem de priorizar a educação para evitar o êxodo de alunos e mais perdas no ensino. 

A agência está preocupada com relatos deque 65% dos governos em países de renda baixa reduziram o orçamento para educação comparado com 35% em nações ricas. Apesar de pacotes de estímulo fiscal poderem injetar mais recursos no setor, apenas 2% do dinheiro dessas medidas vão para a educação. 

Há um ano, no início da crise, a Unesco lançou a Coalizão Global para Educação com 170 parceiros dos setores público e privado e da sociedade civil em 100 países. O grupo deve divulgar um relatório sobre suas atividades ainda nesta segunda-feira.