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Em Dia Internacional, ONU destaca papel dos jovens no combate à discriminação racial  BR

Protestos ao redor do mundo, como este em Nova Iorque, marcaram o movimento Vidas Negras Importam em 2020 um aumento de casos de uso excessivo da força por agentes da lei.
ONU/Evan Schneider
Protestos ao redor do mundo, como este em Nova Iorque, marcaram o movimento Vidas Negras Importam em 2020 um aumento de casos de uso excessivo da força por agentes da lei.

Em Dia Internacional, ONU destaca papel dos jovens no combate à discriminação racial 

Direitos humanos

Em mensagem de vídeo, secretário-geral António Guterres afirma que preconceito deve ser condenado “sem reservas, sem hesitação e sem limitação”; alta comissária para os Direitos Humanos pediu fim da impunidade para violência policial; encontro de líderes mundiais discutirá tema em setembro.  

Este domingo, 21 de março, a ONU marca o Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial. “Juventude se levantando contra o racismo” é o tema deste ano. 

Em mensagem de vídeo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou como, no ano passado, pessoas em todo o mundo saíram às ruas para protestar contra “a perversa pandemia mundial de racismo.” 

Discriminação 

Segundo Guterres, essas pessoas identificaram que a “essência do racismo” está em todos os lados, é perigosa, abominável e feia. 

Guterres diz que racismo “é um mal global e profundamente enraizado"

O secretário-geral diz que esse fenômeno “é um mal global e profundamente enraizado”, que “transcende gerações e contamina sociedades” perpetuando desigualdades, opressão e marginalização. 

Segundo ele, se pode ver esse fenômeno na discriminação generalizada sofrida por pessoas de ascendência africana, nas injustiças e opressão de povos indígenas e outras minorias étnicas e nas “visões repugnantes” de supremacia branca e de outros grupos extremistas. 

Guterres é claro ao dizer o racismo deve ser condenado “sem reservas, sem hesitação, sem limitação.” 

Direitos Humanos 

Nesta sexta-feira, em Genebra, a alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, fez uma atualização sobre a Resolução 43/1, que pede uma avaliação do racismo sistêmico e as violações dos direitos humanos por agentes da lei contra africanos e afrodescendentes.  

Na semana passada, ela reuniu com vários familiares de afrodescendentes mortos por policiais. 

Bachelet contou que ficou “profundamente comovida” com as descrições do trauma contínuo de se perder um filho ou um irmão de forma tão repentina e violenta. 

A alta comissária disse que 10 meses depois do assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, o caso será julgado, mas não é assim em outras partes do mundo e para inúmeras famílias que não veem justiça. 

Bachelet disse ao Conselho quer medidas de indemnização” para lidar com os legados da escravidão
Foto: ONU/Violaine Martin
Bachelet disse ao Conselho quer medidas de indemnização” para lidar com os legados da escravidão

Bachelet afirmou que “a impunidade dos crimes que possam ter sido cometidos por agentes do Estado é profundamente danosa para os valores fundamentais e para a coesão social de cada nação. “ 

Para ela, “nenhum policial ou qualquer outro agente de qualquer estatal deve estar acima da lei” porque “essa é a premissa básica do Estado de Direito.” 

A alta comissária informou ainda que apresentará um relatório ao Conselho sobre o tema em junho, com um conjunto de propostas para desmantelar o racismo sistêmico e a brutalidade policial contra africanos e afrodescendentes e reparação para as vítimas. 

Tema  

Este ano, o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial destaca o importante papel dos jovens que participaram dos protestos “Vidas Negras Importam”, que atraíram milhões de manifestantes em todo o mundo. Nas redes sociais, eles mobilizaram seus pares a lutar pela igualdade de direitos para todos. 

Pessoas carregando vítimas mortas pela polícia no Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial em Uitenhage, na África do Sul
Foto: ONU
Pessoas carregando vítimas mortas pela polícia no Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial em Uitenhage, na África do Sul

Para Guterres, “as atitudes e os comportamentos dos jovens ditarão os moldes e a aparência das nossas sociedades.” 

Ele disse ainda que “a supremacia é uma mentira perniciosa” e que “o racismo mata.” 

Data 

O dia 21 de março foi escolhido porque em 1960, a polícia em Sharpeville, na África do Sul, abriu fogo e matou 69 pessoas numa manifestação pacífica contra as "leis de aprovação" do regime apartheid, de segregação racial. 

Em 1979, a Assembleia Geral aprovou um programa de atividades para a segunda metade da Década de Ação de Combate ao Racismo e à Discriminação Racial.  

Na ocasião, ficou decidido que todos os Estados-membros organizariam uma semana de eventos sobre o tema. 

Em setembro deste ano, a Assembleia Geral reunirá líderes mundiais em Nova Iorque para marcar o 20º aniversário da Declaração de Durban e do seu Programa de Ação.  

O encontro terá o tema “Reparações, justiça racial e igualdade para Pessoas de ascendência africana.”