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Moçambique segue precisando de ajuda dois anos após ciclone Idai, diz Guterres  BR

António Guterres quando visitou escola na cidade da Beira, em Moçambique, em 2019
Foto ONU: Eskinder Debebe
António Guterres quando visitou escola na cidade da Beira, em Moçambique, em 2019

Moçambique segue precisando de ajuda dois anos após ciclone Idai, diz Guterres 

Ajuda humanitária

Tempestade tropical matou mais de 600 pessoas e afetou cerca de 1,8 milhão de moçambicanos no centro da nação africana; em vídeo, secretário-geral afirma que país sofre com “catástrofes atrás de catástrofes” e pede apoio da comunidade internacional. 

Esta segunda-feira, 15 de março, marca o segundo aniversário do ciclone que atingiu o centro de Moçambique afetando cerca de 1,8 milhão de pessoas e causando mais de 600 mortes.  

Em mensagem de vídeo, em português, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reiterou a solidariedade das Nações Unidas para com o povo e o governo moçambicanos.    

Visita   

Ele lembrou da devastação que testemunhou durante a visita que fez a Moçambique após a passagem dos ciclones Idai e Kenneth. 

Guterrese discursa em evento sobre igualdade de direitos das mulheres.

“Jamais esquecerei o que vi. Fiquei profundamente comovido com a força e a resiliência de todos aqueles que foram afetados e também inspirado pelo heroísmo das equipas de ajuda de emergência.” 

Segundo o chefe da ONU, a força dos ciclones alerta “para o facto de que o tempo está a esgotar-se no combate às alterações climáticas.” 

Ele diz que “as tempestades tropicais são cada vez mais intensas e frequentes” e destaca a gravidade da situação em África. Há regiões do continente que estão aquecendo a um ritmo duas vezes superior à média global do planeta. 

O continente é dos que tem menores responsabilidades na crise climática, mas segundo Guterres, “é dos que mais sofre as consequências.” 

“É urgente adotar medidas imediatas destinadas a mitigar o aquecimento global e, ao mesmo tempo, apoiar as nações que estão na linha da frente das alterações climáticas para que vejam reforçada a sua resiliência e capacidade de adaptação.” 

Pandemia da Covid-19 ameaça recuar os avanços na recuperação pós-ciclone Idai.
Ouri Pota
Pandemia da Covid-19 ameaça recuar os avanços na recuperação pós-ciclone Idai.

Resiliência 

Dois anos depois, muitas famílias ainda lutam para reconstruir as suas vidas, mas o país tornou sendo atingido por uma tempestade tropical, Chalane, em dezembro passado, e semanas depois pelo ciclone Eloíse, em janeiro.  

“São catástrofes atrás de catástrofes. O povo de Moçambique precisa da nossa ajuda urgente para enfrentar a tripla ameaça resultante da violência, das crises climáticas e da pandemia Covid-19.”   

O chefe da ONU apela à comunidade internacional para que intensifique os seus esforços e apoie o plano de resposta humanitária. O país precisa de US$ 254 milhões para responder às crescentes necessidades humanitárias.  

Para terminar, o secretário-geral pede que a data sirva para unir esforços na ajuda ao povo moçambicano.    

Vista desde a prefeitura de Beira, a cidade moçambicana mais atingida pelo ciclone em 2019 Idai
Foto ONU: Eskinder Debebe
Vista desde a prefeitura de Beira, a cidade moçambicana mais atingida pelo ciclone em 2019 Idai

Leia a mensagem do secretário-geral na íntegra: 

“Nesta ocasião em que se assinalam dois anos desde que o ciclone tropical Idai se abateu sobre Moçambique, reitero a solidariedade das Nações Unidas para com o povo e o governo moçambicanos.    

Visitei Moçambique logo após a passagem dos ciclones Idai e Kenneth e testemunhei, em primeira mão, a devastação provocada e os esforços de recuperação.  

Jamais esquecerei o que vi.    

Fiquei profundamente comovido com a força e a resiliência de todos aqueles que foram afetados - e também inspirado pelo heroísmo das equipas de ajuda de emergência.   

A força dos ciclones alerta-nos para o facto de que o tempo está a esgotar-se no combate às alterações climáticas. As tempestades tropicais são cada vez mais intensas e frequentes. Há regiões em África que estão a aquecer a um ritmo duas vezes superior face à média global do planeta. Na verdade, o continente africano sendo dos que tem menores responsabilidades na crise climática, é dos que mais sofre as suas consequências.      

É urgente adotar medidas imediatas destinadas a mitigar o aquecimento global e, ao mesmo tempo, apoiar as nações que estão na linha da frente das alterações climáticas para que vejam reforçada a sua resiliência e capacidade de adaptação.  

Dois anos após o Ciclone Idai, muitas famílias ainda lutam para reconstruir as suas vidas. A tempestade tropical Chalane atingiu Moçambique em dezembro de 2020, seguida pelo ciclone Eloise em janeiro de 2021.  

São catástrofes atrás de catástrofes!   

O povo de Moçambique precisa da nossa ajuda urgente para enfrentar a tripla ameaça resultante da violência, das crises climáticas e da pandemia Covid-19.   

Apelo à comunidade internacional para que intensifique os seus esforços e apoie o plano de resposta humanitária para Moçambique. O país necessita de 254 milhões de dólares para responder às crescentes necessidades humanitárias provocadas por esta tripla crise.  

Nesta data, que nos faz a todos refletir, vamos unir esforços na ajuda ao povo moçambicano.”