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Violência entre diferentes grupos étnicos assola a província congolesa de Ituri desde 2017

Leste da RD Congo tem recorde de mortes em atrocidades de grupos armados  BR

Unicef/MADJIANGAR
Violência entre diferentes grupos étnicos assola a província congolesa de Ituri desde 2017

Leste da RD Congo tem recorde de mortes em atrocidades de grupos armados 

Paz e segurança

Acnur realça atos cometidos em três províncias orientais em 2020; agência crê que ação armada faz parte de “padrão sistemático para agitar a vida de civis, provocar medo e criar confusão”; Kivu do Norte continua com assassinatos e sequestros cometidos por diferentes grupos neste ano. 

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, expressou alarme com as atrocidades cometidas por grupos armados no leste da República Democrática do Congo, RD Congo. 

Um comunicado publicado esta terça-feira, em Genebra, destaca a morte de mais de 2 mil civis em três províncias orientais em 2020. Esses atos seriam “parte de um padrão sistemático para agitar a vida de civis, provocar medo e criar confusão”. 

Recorde   

Este ano, a agência indica haver locais acolhendo pessoas que foram forçadas a deixar suas casas sofrendo ataques na província de Kivu do Norte. 

Tropas de paz da Missão das Nações Unidas na RD Congo, Monusco, patrulham Ituri.
Monusco
Tropas de paz da Missão das Nações Unidas na RD Congo, Monusco, patrulham Ituri.

 

Falando a jornalistas, em Genebra, o porta-voz do Acnur, Babar Baloch, explicou que o total recorde de civis mortos ocorreu nas três províncias do leste, sendo que 1.240 em Ituri, 590 em Kivu do Norte e 261 em Kivu do Sul. 

O representante realça que a maioria dessas ações foi atribuída a grupos armados. Em 2021, os assassinatos e sequestros têm continuado em Kivu do Norte e os alvos principais são populações civis obrigadas a deixar suas áreas de origem. 

Mais de 88 mil deslocados vivem em 22 locais apoiados pelas Nações Unidas no país africano. O número subiu após pelo menos sete incursões realizadas em cinco locais diferentes do território Masisi, em Kivu do Norte, entre dezembro e janeiro. 

Colaboração    

O Acnur realçou que esses grupos armados tentam declarar toques de recolher e forçar pessoas a fazer os chamados “pagamentos de segurança e impostos”. Há suspeitas de colaboração de outros grupos ou forças de segurança congolesas nesses atos. 

Mulheres e crianças congoleses na fronteira entre Angola e RD Congo
Acnur/Pumla Rulashe
Mulheres e crianças congoleses na fronteira entre Angola e RD Congo

 

O Acnur ressalta que vários locais estão sob a ameaça de diferentes formações armadas e que os civis ficam isolados em área de confrontos. 

A agência recebeu relatos da ocupação forçada de escolas, residências e ataques realizados em centros de saúde. O apelo a todos os envolvidos é que “respeitem o caráter civil e humanitário dos locais que acolhem deslocados”. 

A agência defende ainda o rápido início de investigações independentes sobre os crimes cometidos na região, para que os responsáveis sejam levados à justiça. 

Operações 

Mais de 5 milhões de pessoas foram deslocadas pela insegurança e violência nos últimos dois anos. Pelas estimativas da agência, cerca de 2 milhões desse total teriam sido desabrigadas somente no Kivu do Norte. 

O Acnur disse ter recebido 6% dos US$ 195 milhões que precisa para financiar as operações na RD Congo. 

Chefe da Aliança das Civilizações pediu que espírito de compaixão, paz e respeito mútuo prevaleça
Acnur/Natalia Micevic
Chefe da Aliança das Civilizações pediu que espírito de compaixão, paz e respeito mútuo prevaleça