Leste da RD Congo tem recorde de mortes em atrocidades de grupos armados
Acnur realça atos cometidos em três províncias orientais em 2020; agência crê que ação armada faz parte de “padrão sistemático para agitar a vida de civis, provocar medo e criar confusão”; Kivu do Norte continua com assassinatos e sequestros cometidos por diferentes grupos neste ano.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, expressou alarme com as atrocidades cometidas por grupos armados no leste da República Democrática do Congo, RD Congo.
Um comunicado publicado esta terça-feira, em Genebra, destaca a morte de mais de 2 mil civis em três províncias orientais em 2020. Esses atos seriam “parte de um padrão sistemático para agitar a vida de civis, provocar medo e criar confusão”.
Recorde
Este ano, a agência indica haver locais acolhendo pessoas que foram forçadas a deixar suas casas sofrendo ataques na província de Kivu do Norte.
Falando a jornalistas, em Genebra, o porta-voz do Acnur, Babar Baloch, explicou que o total recorde de civis mortos ocorreu nas três províncias do leste, sendo que 1.240 em Ituri, 590 em Kivu do Norte e 261 em Kivu do Sul.
O representante realça que a maioria dessas ações foi atribuída a grupos armados. Em 2021, os assassinatos e sequestros têm continuado em Kivu do Norte e os alvos principais são populações civis obrigadas a deixar suas áreas de origem.
Mais de 88 mil deslocados vivem em 22 locais apoiados pelas Nações Unidas no país africano. O número subiu após pelo menos sete incursões realizadas em cinco locais diferentes do território Masisi, em Kivu do Norte, entre dezembro e janeiro.
Colaboração
O Acnur realçou que esses grupos armados tentam declarar toques de recolher e forçar pessoas a fazer os chamados “pagamentos de segurança e impostos”. Há suspeitas de colaboração de outros grupos ou forças de segurança congolesas nesses atos.
O Acnur ressalta que vários locais estão sob a ameaça de diferentes formações armadas e que os civis ficam isolados em área de confrontos.
A agência recebeu relatos da ocupação forçada de escolas, residências e ataques realizados em centros de saúde. O apelo a todos os envolvidos é que “respeitem o caráter civil e humanitário dos locais que acolhem deslocados”.
A agência defende ainda o rápido início de investigações independentes sobre os crimes cometidos na região, para que os responsáveis sejam levados à justiça.
Operações
Mais de 5 milhões de pessoas foram deslocadas pela insegurança e violência nos últimos dois anos. Pelas estimativas da agência, cerca de 2 milhões desse total teriam sido desabrigadas somente no Kivu do Norte.
O Acnur disse ter recebido 6% dos US$ 195 milhões que precisa para financiar as operações na RD Congo.