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Crianças continuam ilegalmente em locais de detenção por associação com forças e grupos armados

ONU marca Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldado  BR

Unicef/Helene Sandbu Ryeng
Crianças continuam ilegalmente em locais de detenção por associação com forças e grupos armados

ONU marca Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldado 

Assuntos da ONU

Debate virtual e exposição fotográfica ilustram drama de menores usados para combater; alta representante da organização chama a atenção para a destruição da dignidade, da vida e do futuro das crianças que integram forças e grupos armados. 

Eventos agendados nas Nações Unidas marcam neste 12 de fevereiro o Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldado. A data é também conhecida como o Dia da Mão Vermelha. 

Em declarações publicadas em Nova Iorque, a representante especial do secretário-geral da ONU para Crianças e Conflitos Armados, Virgínia Gamba, realçou haver ainda menores “usados como combustível descartável na guerra”. 

Consequências 

O pronunciamento lançado com o alto representante da União Europeia, Josep Borrell, destaca que “apesar dos compromissos e esforços globais, as crianças em todo o mundo continuam sofrendo as consequências dos conflitos”. 

Dificuldades geradas pela pandemia incentivam recrutamento e uso de crianças
Unmiss/Isaac Billy
Dificuldades geradas pela pandemia incentivam recrutamento e uso de crianças

 

O comunicado enfatiza que forças e grupos armados continuam recrutando e usando menores, separando-os “de suas famílias e comunidades, destruindo cruelmente sua dignidade, suas vidas e seu futuro”. Nesse cenário “apenas uma fração dos que são liberados se beneficia de programas de reintegração.” 

Outra questão importante é a insegurança, que “impede que milhares de crianças tenham acesso a educação e saúde de qualidade, enquanto escolas e hospitais continuam sendo alvos de ataques”.  

Apesar de serem vítimas desta prática, as crianças continuam ilegalmente em locais de detenção por alegações ou real associação com forças e grupos armados. 

Pobreza 

Em tempos de pandemia, o impacto desses atos é assustador sobre os menores, que sofrem com o aumento da pobreza e a falta de oportunidades. Por isso, agravam os fatores de incentivo e atração para o recrutamento e uso de crianças pelas forças armadas e grupos armados, bem como violência sexual ou raptos.  

Os dois representantes destacam que as oportunidades de educação, já interrompidas pela guerra e deslocamento, escasseiam ainda mais e “as crianças têm pago o preço mais alto de uma forma trágica”. 

Responsabilidade 

O apelo feito às partes envolvidas na prática é que assumam de forma conjunta a responsabilidade “de construir um sistema sustentável que proteja todas as crianças em todos os momentos.” 

Para marcar a data, no complexo da ONU em Genebra, a Missão Permanente da Bélgica junto das Nações Unidas realiza o evento virtual Vidas Rebeldes, com um debate e uma exibição de fotografias sobre crianças-soldado. 

Khamisa, de 15 anos, viveu dois anos servindo um grupo armado.
Unicef/UN0202137/Rich
Khamisa, de 15 anos, viveu dois anos servindo um grupo armado.