Chefe da ONU condena detenção de Aung San Suu Kyi e líderes políticos de Mianmar BR

Conselheira de Estado, presidente e outros dirigentes foram presos no domingo, quando militares tomaram o poder; secretário-geral diz que acontecimentos representam um golpe sério nas reformas democráticas do país asiático.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condena com veemência a detenção da conselheira de Estado de Mianmar, Aung San Suu Kyi, do presidente do país, U Win Myint, e de outros líderes políticos.
Segundo agências de notícias, as detenções aconteceram no domingo, quando os militares tomaram o poder na véspera da sessão de abertura do novo Parlamento.
Em nota, o chefe da ONU expressa sua grave preocupação com a declaração de transferência de todos os poderes legislativos, executivos e judiciais para os militares.
Segundo Guterres, “esses acontecimentos representam um golpe sério nas reformas democráticas em Mianmar.”
O secretário-geral afirma que as eleições gerais, que aconteceram em 8 de novembro de 2020, fornecem “um forte mandato à Liga Nacional para a Democracia, refletindo a vontade clara do povo de Mianmar de continuar no caminho duramente conquistado da reforma democrática.”
O chefe da ONU exorta a liderança militar a respeitar a vontade do povo de Mianmar e aderir às normas democráticas, com quaisquer diferenças a serem resolvidas através do diálogo pacífico.
Segundo ele, “todos os líderes devem agir no interesse maior da reforma democrática de Mianmar, engajando-se em um diálogo significativo, evitando a violência e respeitando plenamente os direitos humanos e as liberdades fundamentais.”
Para terminar, António Guterres reafirma o “apoio inabalável” das Nações Unidas ao povo do país, em sua busca pela democracia, paz, direitos humanos e Estado de direito.
O presidente da Assembleia Geral, Volkan Bozkir, também se juntou às vozes pedindo a libertação imediata dos líderes políticos detidos.
Em sua conta oficial no Twitter, Bozkir disse que “as tentativas de minar democracia e o Estado de direito são inaceitáveis.” Segundo ele, “os líderes militares devem aderir às normas democráticas e respeitar as instituições públicas e a autoridade civil.”
Em nota, a alta comissária para os direitos humanos, Michelle Bachelet, realçou que a “detenção arbitrária de dezenas de líderes políticos, defensores dos direitos humanos, jornalistas, ativistas e outros.”
Segundo Bachelet, também há relatos perturbadores de jornalistas sendo assediados ou agredidos e restrições à internet e às redes sociais, limitando o acesso à informação e a liberdade de expressão no “momento crítico e assustador para o povo de Mianmar.”
A alta comissária alertou ainda para a presença de segurança nas ruas da capital e outras cidades, dizendo que “há medos profundos de uma repressão violenta contra vozes dissidentes.”