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ONU: pandemia corta mais de 39 bilhões de merendas escolares gerando crise de nutrição BR

Hora da merenda numa escola em Moçambique.
© Unicef/UN051605/Rich
Hora da merenda numa escola em Moçambique.

ONU: pandemia corta mais de 39 bilhões de merendas escolares gerando crise de nutrição

Cultura e educação

Em comunicado conjunto, Unicef e Programa Mundial de Alimentos, PMA, informam que situação afeta 370 milhões de crianças, que deixaram de receber 40% das refeições no colégio; muitos alunos têm nas escolas sua única fonte de alimentação; agência pede que tema seja prioridade na reabertura das instituições de ensino.

Um relatório de duas agências da ONU revela que o fechamento das escolas por causa do novo coronavírus gerou uma grande crise nutricional pelo mundo.

Segundo o estudo “Covid-19, perdendo mais que as aulas”, numa tradução livre, mais de 370 mil crianças foram afetadas. Muitas delas dependem da merenda escolar para sobreviver. O relatório foi compilado com o apoio do Instituto Innocenti, do Unicef, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA.

Com o fechamento das escolas, bilhões de merendas deixaram de ser distribuídas em todo o globo
FAO/Ubirajara Machado
Com o fechamento das escolas, bilhões de merendas deixaram de ser distribuídas em todo o globo

Transmissão

Desde o fechamento das escolas, em março passado, mais de 39 bilhões de merendas deixaram de ser distribuídas em todo o globo. A chefe do Unicef, Henrietta Fore, disse que apesar das provas contundentes de que as escolas não são um centro de transmissão da Covid-19, milhões de crianças continuam fora das salas de aula. E para os alunos que só comem no colégio, o fechamento representa mais do que perder o ensino, as crianças deixam de receber a nutrição para crescerem.

Fore afirmou que à medida em que se espera a vacina e se discute a reabertura das instituições de ensino, é preciso priorizar a merenda escolar. Ela defende mais investimento na higienização com fornecimento de sabão e água limpa em cada escola ao redor do mundo.

Menina na Índia estudando em casa devido a fechamento de escolas
Unicef/Panjwani
Menina na Índia estudando em casa devido a fechamento de escolas

Êxodo escolar

Um motivo de preocupação para o Unicef é o êxodo escolar. Com a pandemia, 24 milhões de alunos correm o risco de desistir da educação, o que causaria um retrocesso no aumento do número de matrículas, obtido nas últimas décadas.

O diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos, David Beasley, disse que a perda da merenda escolar prejudica o futuro de milhões de crianças pobres pelo mundo. E o risco é para uma geração inteira.

Durante a pandemia, houve uma redução de 39% na cobertura de serviços de merenda escolar incluindo programas de micronutrientes em países de rendas baixa e média. 

Além disso, os projetos de combate à má nutrição infantil também foram prejudicados. Como fechamento do ano passado, em alguns países, toda a merenda escolar foi suspensa.

A institucionalização do Dia Africano de Alimentação Escolar, em 2016, visa reforçar a vontade política para a valorização e compra dos produtos agrícolas locais
Unicef/Frank Dejongh
A institucionalização do Dia Africano de Alimentação Escolar, em 2016, visa reforçar a vontade política para a valorização e compra dos produtos agrícolas locais

Adolescentes com anemia 

Antes da pandemia, em 68 nações, pelo menos a metade das crianças entre 13 e 17 anos indicavam sentir fome. 

Dados de 17 países indicam que dois terços dos adolescentes entre 15 e 19 anos estão abaixo do peso. E mais da metade das adolescentes no sul da Ásia sofrem com anemia.

Nas áreas mais afetadas pelo vírus ebola, em 2014, no oeste da África, a insegurança alimentar aumentou em países que já sofriam altos níveis de subnutrição. E esta mesma tendência ocorreu em muitas nações durante a crise da Covid-19 incluindo a África Subsaariana e o sul da Ásia.

As refeições escolares são vitais para garantir a nutrição, o crescimento e o desenvolvimento da criança além de ser um forte incentivo para os alunos, especialmente crianças nos países mais pobres e em comunidades mais marginalizadas. 

E no caso de meninas, estar fora da escola é um risco de ser vítima de casamentos forçados e de outros tipos de violência de gênero.