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Guterres afirma que “antissemitismo, infelizmente, continua muito vivo”  BR

Fotografias de vítimas no Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington
Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos
Fotografias de vítimas no Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington

Guterres afirma que “antissemitismo, infelizmente, continua muito vivo” 

Direitos humanos

Em Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, secretário-geral afirma que supremacistas brancos e neonazistas estão ressurgindo e intensificando esforços para negar história; alta comissária para os Direitos Humanos e presidente da Assembleia Geral pedem mais vigilância. 

Esta quarta-feira, 27 de janeiro, as Nações Unidas marcam o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, prestando tributo aos seis milhões de judeus e outros milhões de pessoas assassinados pelos nazistas e seus colaboradores. 

Em mensagem de vídeo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembra que o dia é mercado “sob a sombra da pandemia de Covid-19, que revelou fraturas e injustiças, de longa data, nas sociedades e contribuiu para o ressurgimento do antissemitismo e da xenofobia.” 

Guterres afirma que “antissemitismo, infelizmente, continua muito vivo”

Oportunidade 

O chefe da ONU conta que “o Holocausto foi o culminar de dois milênios de discriminação, ataques, expulsões e assassinatos periódicos em massa de judeus”, que “deveria ter posto um fim ao antissemitismo para sempre.” 

Segundo ele, no entanto, isso não aconteceu. Para Guterres, “o antissemitismo, infelizmente, continua muito vivo.” 

O secretário-geral afirma que “os supremacistas brancos e neonazistas estão ressurgindo, se organizando e recrutando além de suas fronteiras, intensificando seus esforços para negar, distorcer e reescrever a História, incluindo o Holocausto.” 

Guterres diz ainda que a pandemia lhes deu “novas oportunidades” para atingir minorias, com base na religião, raça, etnia, nacionalidade, orientação sexual, deficiência e estatuto de imigração. 

Volkan Bozkir foi presidente da Assembleia Geral desde setembro do ano passado
O presidente da Assembleia Geral,Volkan Bozkir, pediu vigilância, ONU/Rick Bajornas

Esforços 

O chefe da ONU pede esforços conjuntos urgentes para deter esses movimentos. Para ele, é preciso “abordar as fragilidades e lacunas expostas pela pandemia e fortalecer laços mútuos, com base em humanidade comum.” 

Guterres diz ainda que 2021 deve ser “um ano de cura” e que o mundo precisa curar “sociedades destruídas, nas quais o ódio se enraizou facilmente.” 

O presidente da Assembleia Geral, Volkan Bozkir, também divulgou mensagem e disse que a melhor homenagem para as vítimas é “a criação de um mundo de igualdade, justiça e dignidade para todos.” 

Segundo Bozkir, o mundo está “mais uma vez diante de uma onda crescente de racismo, xenofobia e antissemitismo”, marcada por “ódio contra outras minorias e grupos religiosos.” 

Vigilância 

Em Genebra, a alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, citou “aumentos assustadores” no número de crimes de ódio em muitas sociedades.  

Usando dados do Congresso Mundial Judaico, ela relatou um aumento de 30% nas calúnias antissemitas nas principais redes sociais desde novembro de 2019. 

Alta comissária Michelle Bachelet disse que impacto da Covid-19 na saúde está longe chegar ao fim
Alta comissária da ONU para os Direitos Humanos citou aumentos assustados, by ONU

Bachelet afirma que “com vigor renovado, os teóricos da conspiração associam cada vez mais ideologias políticas extremas a delírios antissemitas.” 

Segundo ela, essas pessoas “tecem mentiras elaboradas e falsidades que atribuem a responsabilidade por todo tipo de falha de governo aos judeus individualmente ou à comunidade judaica como um todo.” 

Mídia digital 

A alta comissária conta que essas correntes são “instigadas por líderes de opinião irresponsáveis e amplificadas e legitimadas pelos motores excepcionalmente poderosos da mídia digital.” 

Segundo Bachelet, os governos e as plataformas digitais devem reavaliar sua responsabilidade urgentemente.  

Ela pede ainda a participação de todas as pessoas, para “garantir que o discurso público seja baseado em fatos, que refletem objetivamente a verdade.”