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Covid-19 aumenta desnutrição para bilhões de pessoas na Ásia-Pacífico  BR

Subnutrição continua sendo um problema de saúde para as crianças da região
Unicef/Siegfried Modola
Subnutrição continua sendo um problema de saúde para as crianças da região

Covid-19 aumenta desnutrição para bilhões de pessoas na Ásia-Pacífico 

Saúde

Novo relatório afirma que maiores perdas são com dietas infantis e maternas; no país de língua portuguesa, Timor-Leste, antes da pandemia, 57% das crianças já apresentavam dificuldades de crescimento. 

O impacto da Covid-19 na região mais populosa do mundo, a Ásia-Pacifico, está dificultando os esforços para melhorar a nutrição de 2 bilhões de pessoas, que já tinham dificuldades antes da pandemia.  

A informação consta de um relatório, publicado por quatro agências da ONU incluindo o Programa Mundial de Alimentos, PMA, e a Organização Mundial da Saúde, OMS. 

Português é uma das línguas oficiais do Timor-Leste
Em Timor-Leste, cerca de 57% das crianças tem algum problema de crescimento, ONU/Martine Perret

Dificuldades 

Segundo a pesquisa, devido aos preços de frutas, vegetais e derivados do leite, tornou-se quase impossível para os mais pobres obterem dietas saudáveis. A situação é mais grave para mães e crianças. 

Mais de 350 milhões de pessoas na região estavam subnutridas em 2019. E 74,5 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade tinham problemas de crescimento. Ao todo, 31,5 milhões eram muito magras para a altura. 

Timor-Leste, o único país de língua portuguesa na região, aparece em segundo lugar na lista com maior porcentagem de crianças com algum problema de crescimento, cerca de 57%, ficando apenas atrás da Papua Nova Guiné, com 66%. 

O estudo foi apoiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO

1000 dias 

O impacto de uma dieta baixa em nutrientes é mais grave nos primeiros 1000 dias de vida, desde a gravidez até a criança atingir dois anos. Crianças que passam a comer alimentos sólidos, aos 6 meses de idade, têm altas necessidades nutricionais. 

A maioria das crianças com dificuldades de crescimento vive no sul da Ásia, com quase 56 milhões de pessoas com baixa estatura e mais de 25 milhões definhadas. 

Ao mesmo tempo, o sobrepeso e a obesidade aumentaram rapidamente, especialmente no Sudeste Asiático e no Pacífico. Cerca de 14,5 milhões de meninos e meninas menores de 5 anos estão nessas condições ou obesas. 

Funcionária de saúde distribui itens de higiene no Bangladesh, para prevenir Covid-19
Funcionária de saúde distribui itens de higiene no Bangladesh, para prevenir Covid-19, ONU

O relatório pede mudanças de comportamento e nos sistemas alimentares, para melhorar o acesso das famílias a dietas nutritivas, seguras e sustentáveis.  

Alimentos altamente processados ​​e baratos estão cada vez mais disponíveis. Geralmente, esses produtos são embalados com açúcar e gorduras e não possuem as vitaminas e minerais necessários, aumentando o risco de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. 

Medidas 

As agências da ONU pedem melhorias na dieta de mães e crianças pequenas.  

Os governos também precisam investir em mercados de alimentos frescos e de rua, bem como regulamentar vendas e marketing de alimentos para consumidores, especialmente crianças.  

Segundo a pesquisa, pelo menos nove governos na Ásia e no Pacífico têm planos direcionados para mães e filhos em suas estratégias nacionais.  

As agências também destacam a importância das cadeias de valor, dizendo que maior eficiência e produtividade podem reduzir os custos dos alimentos essenciais e torná-los mais acessíveis.