Estudo revela aumento de casos de câncer de tireoide em crianças e adolescentes
Investigação dirigida por cientistas da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer, analisou taxas de incidência em pessoas de 0 a 19 anos; até 2000, essa era uma condição muito rara em todo o mundo, mas subida de casos reflete excesso de exames em pacientes assintomáticos.
Um estudo médico revela um aumento nos casos de câncer de tireoide em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. Geralmente, esses pacientes são assintomáticos e com formas benignas da doença.
De acordo com os autores da pesquisa, nos últimos anos, as notificações deste tipo de câncer têm crescido em vários países. O projeto foi liderado por cientistas da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer, Iarc na sigla em inglês. A entidade é parte da Organização Mundial da Saúde, OMS.
Densidade demográfica
Até 2000, os casos eram raros no mundo, mas com a alta na taxa de incidência, os pesquisadores concluíram que a principal causa pode ser o chamado super diagnóstico, ou seja, quando os exames são realizados em pacientes sem sintomas ou fatores de risco.
Neste caso, na grande maioria das vezes, a doença não avança para um quadro letal.
A investigação foi publicada na revista especializada The Lancet Diabetes e Endocrinologia, com dados de 49 países e territórios incluindo alguns com densidade demográfica em nações de baixa e média rendas.
O cientista-chefe do estudo, Salvatore Vaccarella, afirmou que as características epidemiológicas dos exames em crianças e adolescentes são bem semelhantes àquelas encontradas em adultos.
Ultrassonografia
O super diagnóstico de câncer na tireoide ocorre devido ao aumento em exames de controle da glândula da tireoide assim como da introdução de novas formas de diagnóstico incluindo a ultrassonografia da nuca e do pescoço.
Assim, as equipes médicas perceberam que muitos tumores não são malignos ou letais, mas que estão localizados na glândula da tireoide em pacientes saudáveis de qualquer idade incluindo crianças e adolescentes.
O problema do super diagnóstico, no entanto, ocorre mais em contextos onde os serviços de cuidados de saúde não são bem regulados.
Em crianças e adolescentes, ele tem consequências importantes para a qualidade de vida. A maioria dos pacientes são meninas, uma vez que o câncer da tireoide é mais frequente em meninas que meninos.
Aconselhamento médico
A doença pode ser tratada com cirurgia ou com radiação, embora uma vigilância ativa sem o tratamento não seja recomendada.
Crianças nessa situação, geralmente, passam por uma operação para retirada da glândula, conhecida como tireoidectomia, e precisam de terapia hormonal para o resto da vida.
O líder da pesquisa, Salvatore Vaccarella, afirma que com base nos resultados da investigação, deve prevalecer o aconselhamento médico contra a realização de ultrassonografia para detectar câncer de tireoide em adultos assintomáticos. Pelo estudo, essa recomendação deve ser ampliada.
Pessoas que não indicam fatores de risco não devem fazer o exame assim como crianças e adolescentes que não apresentem qualquer sintoma.