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Milhares fogem de violência pós-eleitoral na República Centro-Africana BR

Pandemia evidenciou desigualdades, fragilidades e instabilidade global.
© Acnur/Ghislaine Nentobo
Pandemia evidenciou desigualdades, fragilidades e instabilidade global.

Milhares fogem de violência pós-eleitoral na República Centro-Africana

Migrantes e refugiados

Em comunicado, Agência da ONU para Refugiados informa que mais de 30 mil centro-africanos foram forçados a fugir de suas casas para países vizinhos como Camarões, Chade, Congo e República Democrática do Congo após a votação de 27 de dezembro, que deu vitória ao atual presidente do país africano.

Uma onda de violência após as eleições presidenciais na República Centro-Africana está forçando dezenas de milhares de pessoas a fugirem de suas casas. E a situação é preocupante.

A informação foi dada pela Agência da ONU para Refugiados, Acnur, nesta sexta-feira durante a entrevista a jornalistas em Genebra, sede do Acnur.

Países africanos precisam de apoio e solidariedade para vencer a pandemia.
© Acnur/Ghislaine Nentobo
Países africanos precisam de apoio e solidariedade para vencer a pandemia.

Deslocados internos

Pelo menos 30 mil centro-africanos já cruzaram a fronteira com os países vizinhos: Chade, Camarões, Congo e República Democrática do Congo para escapar dos confrontos e ataques. Outras dezenas de milhares se tornaram deslocados internos. 

A votação de 27 de dezembro deu vitória ao atual presidente centro-africano, Faustin Archange Touadera. A agência da ONU informou que existem 185 mil pessoas dentro do país que haviam fugido como medida de precaução para florestas e matagais. As saídas teriam começado em 15 de dezembro, duas semanas antes das eleições presidenciais. Deste total, 112 mil voltaram à casa, mas o resto continua deslocado.

As saídas teriam começado em 15 de dezembro, duas semanas antes das eleições presidenciais
Yaye Nabo Sène/Ocha
As saídas teriam começado em 15 de dezembro, duas semanas antes das eleições presidenciais

Acesso

O Acnur disse estar preocupado com relatos de violações dos direitos humanos dentro da República Centro-Africana. A agência pediu aos governos dos países vizinhos que continuem dando acesso e asilo aos refugiados.

A maioria das chegadas está sendo acomodada em abrigos improvisados. Os centro-africanos estão precisando de água, saneamento e serviços de saúde para prevenir a Covid-19 e outras doenças.

A agência da ONU está cooperando com parceiros e as autoridades locais para apoiar os mais carentes. No Chade, por exemplo, parceria com o Programa Mundial de Alimentos, PMA, e outras entidades ajudaram a construir clínicas móveis para atender os refugiados.

Quase 25% da população da República Centro-Africana ou 4,7 milhões estão deslocados desde o final de 2020 incluindo 630 mil refugiados em países vizinhos e a mesma quantidade dentro da nação africana.