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Em artigo, Nicole Kidman alerta para pandemia paralela de violência às mulheres BR

Embaixadora da Boa Vontade Nicole Kidman em evento da ONU em 2018
ONU Mulheres/Kyle Espeleta
Embaixadora da Boa Vontade Nicole Kidman em evento da ONU em 2018

Em artigo, Nicole Kidman alerta para pandemia paralela de violência às mulheres

Mulheres

Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres diz que conheceu melhor o flagelo através de seus personagens; ligações para linhas de apoio aumentaram em até cinco vezes nas primeiras semanas da pandemia; a cada três meses de bloqueio, mais 15 milhões de mulheres em todo o mundo são afetadas.

Num artigo de opinião, a atriz de Hollywood Nicole Kidman afirmou que “uma pandemia paralela está ocorrendo: a da violência às mulheres.”

Kidman, que é embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres, afirma que as chamadas telefônicas para linhas de apoio aumentaram em até cinco vezes nas primeiras semanas da crise global. Ela lembrou que “uma questão, que já era generalizada, tornou-se mais urgente.”

A cada três meses de bloqueio, mais 15 milhões de mulheres em todo o mundo são atingidas pela violência
Unicef/Kate Holt
A cada três meses de bloqueio, mais 15 milhões de mulheres em todo o mundo são atingidas pela violência

Pandemia

A atriz pede que todos imaginem “como é a vida para as mulheres e meninas que, como todas as outras pessoas, precisam se abrigar em casa para ficarem seguras da Covid-19, quando a própria casa não é um lugar seguro.”

A cada três meses de bloqueio, mais 15 milhões de mulheres em todo o mundo são atingidas pela violência, enquanto os serviços de apoio, aconselhamento e abrigos para sobreviventes são severamente afetados.

Junto com a violência doméstica, tem havido um aumento de todos os tipos de violência a mulheres e meninas. A atriz destaca “o assédio nas ruas quase vazias, o bullying cibernético, e jovens que foram tiradas da escola e forçadas a se casar” por causa da falta de dinheiro na família. 

Sistema de justiça afegão continua falhando vítimas de violência de gênero
Unama/Eric Kanalstein
Sistema de justiça afegão continua falhando vítimas de violência de gênero

Experiência

Nicole Kidman assumiu o posto de embaixadora da ONU Mulheres, em 2006, na agência anterior chamada Unifem. Ela conta que, de lá para cá, aprendeu muito e viu o impacto arrasador da violência de gênero no mundo.

A atriz ficou “totalmente chocada” quando ouviu, pela primeira vez, que uma em cada três mulheres e meninas sofre ou sofrerá violência durante a vida.

Nesse mesmo ano, ela visitou Kosovo, nos Bálcãs, e ouviu histórias de mulheres vítimas de violência sexual, viúvas e mulheres que buscavam familiares desaparecidos. 

Mulher em Daka, no Bangladesh, recebendo ajuda. Mulheres sofrem mais com as consequências da pandemia do que os homens
ONU Mulheres/Fahad Kaizer
Mulher em Daka, no Bangladesh, recebendo ajuda. Mulheres sofrem mais com as consequências da pandemia do que os homens

Papel

No artigo, a atriz lembra o papel de Celeste, uma advogada e sobrevivente de violência doméstica no seriado Big Little Lies, dizendo que a produção fortaleceu sua posição sobre o assunto.

Durante as gravações, ela se sentia “muito exposta, vulnerável e profundamente humilhada.” A atriz conta que conseguia demonstrar coragem durante as filmagens, mas ao chegar em casa, percebia o quanto havia sido afetada. 

Nessa altura, ela se lembrava das histórias de força e resiliência que havia descoberto como embaixadora. Segundo ela, “todos têm um papel a desempenhar e o poder de contribuir para acabar com a violência a mulheres e meninas, mesmo durante esta pandemia.”

Para Nicole Kidman, o trabalho começa por ouvir e acreditar nos sobreviventes. A atriz afirma que “quando a pessoa é agredida, sua sobriedade, roupas e sexualidade são irrelevantes.”

Segundo ela, pequenas ações, como denunciar comportamentos tóxicos em um amigo ou compartilhar informações relevantes em um chat podem ser muito úteis.

Globalmente, as perdas de emprego das mulheres situam-se nos 5%, contra 3,9% dos homens
OIT
Globalmente, as perdas de emprego das mulheres situam-se nos 5%, contra 3,9% dos homens

Educação 

A embaixadora da Boa Vontade lembra que cresceu com uma mãe feminista e, por isso, nunca lhe ocorreu que pudesse estar em desvantagem por ter nascido menina.

Hoje, como mãe, ela diz que “é importante alimentar a autoestima, desafiar os estereótipos e a discriminação e dar o exemplo para a geração mais jovem.”

A atriz termina com uma série de apelos para que as pessoas aprendam sobre o tema, entrem em contato se estiverem preocupadas com alguém, usem suas redes sociais para aumentar conscientização e, se tiverem essa possibilidade, façam uma doação para organizações de apoio aos sobreviventes.