Perspectiva Global Reportagens Humanas
Insegurança e medo dos ataques já causaram pânico na população

Tensão pré-eleitoral deslocou mais de 55 mil pessoas na República Centro-Africana  BR

Minusca
Insegurança e medo dos ataques já causaram pânico na população

Tensão pré-eleitoral deslocou mais de 55 mil pessoas na República Centro-Africana 

Legislação e prevenção de crimes

Chefe humanitária no país relata população com medo e pânico após ataques; representante disse que ajuda humanitária continuará; centro-africanos votam domingo em eleições presidenciais, legislativas e locais. 

Agências de auxílio estão preocupadas com a escalada das tensões e da violência em várias partes da República Centro-Africana antes das eleições gerais deste 27 de dezembro. 

A coordenadora humanitária da ONU no país, Denise Brown, disse que a insegurança e o medo dos ataques já causaram pânico na população e desalojaram mais de 55 mil pessoas que agora enfrentam maior fragilidade. 

Atendimento 

Agências humanitárias também foram alvo de ameaças e ataques. Na semana passada, houve mais de 17 incidentes. Uma ambulância e um veículo foram roubados de um agente de saúde ferido.  

A situação impede o atendimento urgente a centenas de milhares de pessoas nas regiões oeste e centro do país. 

Metade da população centro-africana precisa de ajuda humanitária.
Foto: ONU/Evan Schneider
Metade da população centro-africana precisa de ajuda humanitária.

 

Neste domingo, os eleitores da República Centro-Africana saem às urnas em eleições gerais, poucos dias após ataques dos três principais grupos armados. Eles se uniram e disseram que vão retaliar em caso de fraudes. 

A nova coligação contra o presidente Faustin Archange Touadera é formada por elementos das milícias muçulmanas Séléka e do grupo anti-Balaka, que se diz cristão.  

Sofrimento e trauma 

Ambas as facções se confrontaram durante a guerra civil em 2013, após os Séléka terem derrubado o presidente François Bozizé. Milhares de pessoas morreram nos confrontos. 

Soldado de paz egípcio da missão da ONU na República Centro-Africana, Minusca, ajuda a distribuir água na capital Bangui.
Minusca/Hervé Serefio
Soldado de paz egípcio da missão da ONU na República Centro-Africana, Minusca, ajuda a distribuir água na capital Bangui.

 

A chefe humanitária condena com veemência os atos de violência alertando que estes “aumentam o sofrimento e o trauma” dos centro-africanos.  

Ela disse que a assistência tem continuado apesar da insegurança e dos desafios de acesso. Um dos principais setores ativos é o da saúde, que envia equipes de emergência e suprimentos nutricionais por via aérea. 

Comunidades   

Brown ressalta que apesar da violência as agências humanitárias continuam nas comunidades ao lado da população. 

A coordenadora pediu mais fundos de doadores para a resposta humanitária, incluindo para os Serviços Aéreos Humanitários das Nações Unidas.  

Estima-se que 2,8 milhões de pessoas precisem de assistência e proteção na República Centro-Africana.  

O Plano de Resposta Humanitária para 2021 prevê US$ 444,7 milhões para ajudar 1,8 milhão de pessoas. 

Menina da República Centro-Africana segura cartaz com o mote nacional, que significa que todas as pessoas são iguais
Ocha/Yaye Nabo Séne
Menina da República Centro-Africana segura cartaz com o mote nacional, que significa que todas as pessoas são iguais