Violência em Cabo Delgado, Moçambique, já afetou 250 mil crianças
Crianças da área de Moçambique viveram atos de violência extrema, incluindo morte de parentes próximos e sequestros brutais; um quinto delas sofre desnutrição aguda; casos mais graves têm sido detectados entre população deslocada.
Cerca de 250 mil crianças já foram desalojadas pela violência na província moçambicana de Cabo Delgado em mais de dois anos de insegurança.
Em nota, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, informou que precisa de US$ 52,8 milhões para responder às necessidades mais urgentes do grupo. Mais de 60% desse valor fazem parte do Plano de Resposta Humanitária.
Doenças
Com o aproximar da estação das chuvas, o receio é que muitos destes menores fiquem expostos a doenças fatais. Faltam serviços de água potável, saneamento e higiene para atender necessidades crescentes de crianças e famílias nos centros de acomodação superlotados e comunidades anfitriãs.
A agência apela ao reforço e expansão urgente desses serviços para prevenir surtos de doenças transmitidas pela água como a cólera e a contaminação pela Covid-19.
A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, explicou que em menos de dois anos, esses necessitados enfrentaram um ciclone, inundações, secas e agora as dificuldades socioeconômicas ligadas à pandemia e ao conflito.
Falta de acesso
O apelo feito a agências humanitárias é que mesmo diante da pressão cada vez maior possam apoiar esses serviços. Uma das maiores ameaças é de um surto da diarreia porque falta água potável, saneamento ou aumentam casos desnutrição.
Fatores como desastres naturais e conflitos já levaram 20% das crianças a sofrer de desnutrição crônica na província. Há novos relatos da variante mais aguda desta condição detectada entre a população deslocada.
O Unicef quer que aumente a intervenção em áreas como saúde, água e assistência nutricional das crianças. A agência já fornece tratamento essencial, alimentação terapêutica e encaminha casos médicos complicados aos centros de saúde.
Equipes móveis também prestam cuidados de saúde a mães e crianças para garantir serviços essenciais como cuidados pré-natais e a observação de ciclos de vacinação.
Famílias
As crianças deslocadas são especialmente vulneráveis. O Unicef destaca vários casos de perda de contato com famílias ou experiências de alto risco de violência física e psicológica.
Muitas delas viveram atos de violência extrema ou até perderam parentes próximos em assassinatos e sequestros brutais. Este grupo carece de proteção abrangente, incluindo apoio psicossocial após vivenciar eventos traumáticos.
A agência defende que mais assistentes sociais sejam treinados para visitar menores sobreviventes e famílias. A prioridade seria dar apoio psicossocial no domicílio ou fazer um encaminhamento para serviços sociais e de proteção.