Perspectiva Global Reportagens Humanas

Covid-19 e outras infecções ameaçam 1,8 bilhão de agentes e usuários de saúde BR

Funcionário de um centro de saúde em Uganda limpa o chão usando uma mistura de cloro e água para prevenir infecções. Serviços adequados de água, saneamento e higiene nas instalações de saúde são vitais para proteger as populações contra infecções.
Unicef/Michele Sibiloni
Funcionário de um centro de saúde em Uganda limpa o chão usando uma mistura de cloro e água para prevenir infecções. Serviços adequados de água, saneamento e higiene nas instalações de saúde são vitais para proteger as populações contra infecções.

Covid-19 e outras infecções ameaçam 1,8 bilhão de agentes e usuários de saúde

Saúde

Risco é agravado em instalações sem serviços de água e saneamento; relatório da Organização Mundial da Saúde, OMS, e Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, revela que 10% dos países desenvolvidos não têm saneamento e um terço não trata resíduos de forma segura.

Duas agências da ONU informam num relatório que 1,8 bilhão de pessoas no mundo estão sob agravado risco de contrair a Covid-19 e outras infecções. Eles são agentes e usuários de serviços de saúde que não contam com água tratada e saneamento básico.

O documento, Fundamentos em primeiro lugar: serviços universais de água, saneamento e higiene em instalações de saúde para atendimento seguro e de qualidade, foi divulgado nesta segunda-feira pela Organização Mundial da Saúde, OMS, e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.

Um em cada quatro estabelecimentos de saúde em países em desenvolvimento não tem serviços de água, um terço deles não tem local para lavar as mãos.
Ocha/Gema Cortes
Um em cada quatro estabelecimentos de saúde em países em desenvolvimento não tem serviços de água, um terço deles não tem local para lavar as mãos.

Resíduos

O relatório considera alarmante a quantidade de unidades de saúde sem acesso a uma instalação de higiene das mãos eficaz ou que permita separar o lixo com segurança. 

A pesquisa em 165 países analisa 760 mil instalações quando a pandemia expõe falhas importantes nos sistemas de saúde, incluindo prevenção e controle de infecções inadequados.

Um em cada quatro estabelecimentos de saúde em países em desenvolvimento não tem serviços de água, um terço deles não tem local para lavar as mãos. Pelo menos 10% carecem de saneamento e um terço não separa resíduos de forma segura.

Para o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, trabalhar num centro de saúde assim é equivalente a despachar pessoal de saúde sem equipamento de proteção.

Mulher recebendo serviços de saúde em Hamdayet, no Sudão
Unfpa Sudão/Sufian Abdul-Mout
Mulher recebendo serviços de saúde em Hamdayet, no Sudão

Países menos desenvolvidos

Ele lembrou que estes serviços são essenciais para o fim da Covid-19. E disse que há “lacunas importantes a superar, em especial nos países menos desenvolvidos. ”

De acordo com a diretora-executiva do Unicef,  Henrietta Fore, sempre houve falhas no sistema de saúde, mas após este ano, não é mais possível ignorá-las.

Fore disse que à medida que se reformula e molda um mundo pós-Covid, há “uma necessidade absoluta” de assegurar o envio de crianças e mães para locais equipados com água, saneamento e higiene adequados.

O documento realça a extrema importância de serviços para populações vulneráveis, incluindo gestantes, recém-nascidos e crianças, protegendo-as de uma série de condições que colocam risco à vida.

Meta é promover total acesso à água limpa, saneamento e higiene até 2030
Unicef Brasil/Yareidy_Perdomo
Meta é promover total acesso à água limpa, saneamento e higiene até 2030

Unidades de serviços

De acordo com dados preliminares, seria preciso US$ 1 por pessoa para permitir que todos os 47 países menos desenvolvidos criassem serviços básicos de água nas unidades de saúde. Em média, US$ 0,20 por ano ajudariam a assegurar a operação e manutenção desses serviços.

O estudo defende que um aumento imediato de investimentos em água, saneamento e higiene teria como “grande retorno” a melhora da higiene nas instalações de saúde. 

Esta seria a “melhor aquisição” para o combate à resistência antimicrobiana. Entre os benefícios estaria a baixa de custos dos cuidados de saúde

As duas agências ressaltam ainda o ganho da economia de tempo, porque os profissionais de saúde não precisariam procurar água para higienizar as mãos.

Uma melhor higiene e o consequente aumento da utilização de serviços gerariam um retorno de US$ 1,5 para cada dólar investido.