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Na capital de Cabo Delgado, Pemba, grupo de deslocados devido a atividade terrorista

Acnur quer US$ 11 milhões para apoiar deslocados em Cabo Delgado BR

OIM/Matteo Theubet
Na capital de Cabo Delgado, Pemba, grupo de deslocados devido a atividade terrorista

Acnur quer US$ 11 milhões para apoiar deslocados em Cabo Delgado

Ajuda humanitária

Agência prevê aumento de pessoas abandonando suas casas no norte de Moçambique; insegurança causou mais de 424 mil necessitados; ação coordenada com o governo busca mais fundos para a resposta.

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, disse que o conflito na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, tende aumentar o número de deslocados internos. Cerca de 424 mil pessoas precisam de apoio na região.

Até agora apenas 39% das necessidades da província têm apoio da agência. O conflito causado por grupos armados levou o país a ser citado recentemente num relatório revelando haver 80 milhões de deslocados à força no mundo.

Ataques

A publicação sobre as tendências do deslocamento forçado global, divulgado em Genebra, indica que a nova cifra foi alcançada em meados deste ano.

Na capital de Cabo Delgado, Pemba, grupo de deslocados devido a atividade terrorista
OIM/Matteo Theubet
Na capital de Cabo Delgado, Pemba, grupo de deslocados devido a atividade terrorista

 

Falando a ONU News em Maputo, a oficial de Relações Exteriores na Acnur em Moçambique, Juliana Ghazi, explicou que os inúmeros ataques levaram mais pessoas a abandonarem as áreas de origem em Cabo Delgado.

“Atualmente, o número de deslocados internos está em 424 mil indivíduos e estes números tende a crescer. São pessoas que se deslocam múltiplas vezes em várias direções, tanto para sul da província de Cabo Delgado como também para Nampula, Niassa e Zambézia. A maioria dessas pessoas são mulheres e crianças são pessoas vulneráveis.”

Necessidades

Face a situação, a agência coordenou com governo moçambicano um pedido de mais fundos para responder às necessidades dos deslocados internos.

“Recentemente, o Acnur lançou um apelo, a agência tem somente 39% dos nossos requerimentos atendidos até agora, então falta uma média de US$ 11 milhões para continuar a responder as necessidades dos deslocados internos e das comunidades locais da melhor maneira possível.”

Acnur Moçambique
Vítimas de deslocamento aumentam em Cabo Delgado

 

As violações dos direitos humanos e o acesso a algumas áreas devido ao conflito em Cabo Delgado estão entre os maiores impedintos à ação do Acnur. Ghazi citou a questão da pandemia como um grande obstáculo.

Desafios

“A pandemia da Covid-19 é um grande desafio para os deslocados internos que por exemplo buscaram abrigo em casas onde já havia um número de pessoas muito grande. Com adição dos deslocados internos, isso fez com que os problemas nessas casas e nas comunidades se agravassem também. Para a pandemia da Covid-19, as aglomerações não são recomendáveis. Outro desafio que Acnur enfrenta é o acesso a algumas áreas de alcance muito complicado por causa da violência.”

O Acnur sublinha que a insegurança devido ao conflito em Cabo Delgado poderá aumentar o número de deslocados nos próximos meses.

*De Maputo para ONU News, Ouri Pota.

Funcionária da OIM apoia população deslocada no bairro de Alto Gingone, em Pemba, na província de Cabo Delgado
Helvisney Cardoso, ONU Moçambique
Funcionária da OIM apoia população deslocada no bairro de Alto Gingone, em Pemba, na província de Cabo Delgado