
África perde cerca de US$ 88 bilhões por ano em fluxos financeiros ilícitos
Solução passa por maior vontade política, segundo vice-chefe da ONU; tema voltou ao debate em evento organizado pela conselheira do secretário-geral para África; reunião de alto nível sobre a iniciativa da União Africana para silenciar as armas juntou centenas de pessoas na quinta-feira.
Um encontro virtual de alto nível sobre a iniciativa da União Africana para silenciar as armas reuniu mais de 600 representantes de governos, da sociedade civil, de entidades da ONU e da academia.
A reunião coorganizada pelas Nações Unidas, debateu o papel dos fluxos financeiros ilícitos no aumento da instabilidade regional.
Benefícios
A cada ano, estes movimentos ilegais a partir do continente drenam cerca de US$ 88 bilhões.
Na abertura da sessão, a vice-secretária-geral da ONU Amina Mohammed realçou que crimes como faturamento comercial indevido, fraude fiscal, atividades ilegais e lavagem de dinheiro continuam em alta na região.

Para a vice-chefe da ONU é essencial que haja vontade política de implementar medidas que combatam o problema, especialmente “para tornar os custos maiores do que os benefícios pessoais.”
No evento, a conselheira do secretário-geral para África disse que em relação à “drenagem de uma porção significativa dos escassos recursos e ativos africanos em fluxos financeiros ilícitos” a grande lacuna será ainda mais exacerbada em momentos da Covid-19 e no pós-pandemia.
Comunidades
Cristina Duarte disse que esses crimes devem ser vistos na perspectiva da perda de oportunidades de desenvolvimento, meios de subsistência ou aumento da pobreza.
Para ilustrar o impacto dos movimentos ilícitos no continente, a também subsecretária-geral realçou que milhões de pessoas já poderiam ter saído da pobreza.
Consequências da pandemia nas áreas da saúde e socioeconômica interromperam os planos de desenvolvimento e sobrecarregaram a capacidade dos governos
Duarte mencionou ainda a criação de oportunidades de emprego, construção de milhares de hospitais e escolas, além do reforço da estabilidade e da coesão de sociedades e comunidades africanas.
Além de se acabar com os fluxos financeiros, a representante defendeu uma resposta aos desafios de paz, segurança e desenvolvimento africanos.
Ajuda financeira
Para ela, é injusto permitir que o continente enfrente esses enormes desafios “privado de um volume significativo de seus recursos que são quase a combinação das entradas da ajuda financeira ao desenvolvimento e do investimento direto estrangeiro.”
A expectativa de Duarte é que a reunião juntasse governos e organizações regionais para abordar a questão pela segunda vez, após um evento organizado esta semana pelo escritório que dirige.

A subsecretária-geral disse que a reunião acontecia num momento em que os efeitos da pandemia nas áreas da saúde e socioeconômica “interromperam os planos de desenvolvimento e sobrecarregaram a capacidade dos governos para garantir o acesso aos serviços e melhorar os meios de subsistência.”
Duarte realçou ainda o risco colocado por esses problemas aos ganhos de desenvolvimento que foram conquistados nas duas últimas décadas.
Serviços
Na busca de uma recuperação regional sustentável, ela apontou que é uma necessidade de desenvolvimento e uma obrigação moral assegurar que África use todas as capacidades e recursos para garantir que o processo seja genuíno e inclusivo.
Cristina Duarte disse que para o continente, a recuperação deve atender os mais vulneráveis e ajudar a reverter a tendência de aumento da pobreza para não deixar ninguém para trás como se pretende com a Agenda 2030.
