ONU precisa de US$ 1,44 bilhão para apoiar refugiados e migrantes da Venezuela BR

Cerca de 5,4 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos fugiram do país, a maioria a nações vizinhas da América Latina e do Caribe; pandemia levou a aumento em casos de violência de gênero, necessidades de saúde mental, insegurança alimentar e estigmatização.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e a Organização Internacional para Migrações, lançaram esta quinta-feira um plano regional de US$ 1,44 bilhão para apoiar refugiados e migrantes da Venezuela e as comunidades que os acolhem. Ao todo são 17 países da América Latina e do Caribe.
Existem cerca de 5,4 milhões de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo, a grande maioria em nações vizinhas.
A crise da Covid-19 tem prejudicado o acolhimento na região. Muitos refugiados e migrantes e os países que os abrigam enfrentam um conjunto de novos desafios que pioram suas condições.
Bloqueios, perda de meios de subsistência e empobrecimento estão tornando muitas pessoas mais dependentes da assistência humanitária para saúde, abrigo, alimentação, proteção e educação.
O impacto da pandemia também está resultando num aumento dramático na violência de gênero e de casos de saúde mental, insegurança alimentar, desnutrição e estigmatização.
Para refugiados e migrantes em situação irregular, a luta pelo acesso aos direitos básicos é ainda mais aguda.
Em comunicado, o representante especial conjunto do Acnur e da OIM, Eduardo Stein, disse que “medidas de bloqueio prolongadas, mas necessárias, e restrições de mobilidade tiveram um impacto prejudicial sobre a capacidade dos refugiados e migrantes de manter seus meios de subsistência e acesso a bens e serviços básicos.”
Segundo ele, “muitos perderam seus meios de subsistência e, ao mesmo tempo, não são incluídos sistematicamente nas redes de segurança social estabelecidas para as populações locais.”
As dificuldades levaram algumas pessoas a considerarem retornar à Venezuela, muitas vezes em condições inseguras, aumentando a proteção adicional e as preocupações com a saúde. Ao mesmo tempo, o número de venezuelanos que deixa o país continua aumentando nas últimas semanas.
Apesar desses movimentos, as fronteiras permanecem fechadas, por isso as pessoas usam travessias irregulares de fronteira, correndo grandes riscos de abuso físico e sexual, discriminação, exploração e tráfico.
Apesar dos desafios, tem havido exemplos encorajadores em toda a região, com países trabalhando para garantir a inclusão desta população em suas respostas à pandemia, em pé de igualdade com seus cidadãos.
Refugiados e migrantes também estão apoiando as respostas, como profissionais de saúde ou disseminando informações em suas comunidades.
Para Eduardo Stein, “o plano de resposta anunciado requer o compromisso contínuo e crescente da comunidade internacional e do setor privado para responder a esta crise.”
Ele disse que estas pessoas “precisam de apoio coletivo mais do que nunca, tanto em termos de ajuda humanitária e salvamento, como assistência ao desenvolvimento para apoiar as comunidades locais em longo prazo.”
O novo plano pretende fortalecer as respostas nacionais e regionais, apoiando intervenções de saúde, abrigo, alimentos, água, saneamento e higiene, bem como acesso à educação, proteção e integração.
O plano de resposta reúne 158 organizações, incluindo agências das Nações Unidas, organizações não governamentais nacionais e internacionais, sociedade civil, organizações religiosas e a entidade da Cruz Vermelha.