Sete das 10 principais causas de morte no mundo são doenças não transmissíveis
Cardiopatias provocam 16% do total de óbitos por problemas crônicos; Estimativas Globais de Saúde dedicarão uma parte das próximas edições ao impacto da pandemia na mortalidade e morbidade; sucesso dos esforços para prevenir HIV baixaram número de mortes na África.
Entre as 10 principais causas de morte no mundo antes da pandemia, sete eram doenças crônicas. A informação foi revelada esta quarta-feira pela Organização Mundial da Saúde, OMS.
Nas Estimativas Globais de Saúde 2000-2019, a agência enfatiza a perda de vidas por doenças cardíacas na proporção de 16% do total de mortes. Mais da metade dos 2 milhões de novos óbitos ocorreu no Pacífico Ocidental. Na Europa, a queda foi relativa com 15%.
Boa saúde
O documento, analisando dados de duas décadas, constata que embora as pessoas tenham maior tempo de vida, isso não se traduz necessariamente numa boa saúde.
Com base em tendências como mortalidade e morbidade, o estudo lembra que há duas décadas as doenças crônicas eram apenas quatro das 10 principais causas de morte. Em 2019, o número subiu para sete.
Num ano em que mais de 1,5 milhão de pessoas morreram por causa da Covid-19, o estudo realça como problemas de saúde preexistentes, como doenças cardíacas, diabetes e questões respiratórias, são fatores de risco de complicações e morte.
O apelo às autoridades de saúde é que usem dados atualizados, confiáveis e acionáveis ao tomar decisões. As próximas edições das estimativas globais avaliarão o impacto direto e indireto da pandemia na mortalidade e morbidade.
De acordo com a OMS, cerca de 55,4 milhões dos óbitos ocorreram em todo o mundo em 2019. Entre as 10 principais causas, 55% de óbitos ocorreram por doença cardiovascular, respiratória ou neonatal.
Doenças cardíacas
No topo da lista, abaixo das doenças cardíacas, estão derrames, doença pulmonar obstrutiva crônica, infecções respiratórias inferiores e condições neonatais.
A seguir estão enfermidades de traqueia, brônquios e doença do pulmão, Alzheimer e outras formas de demência, diarreia, diabetes e doenças renais.
Para a OMS, estes dados evidenciam que é preciso intensificar o foco global “na prevenção e no tratamento de cardiopatias, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas, bem como no combate a lesões”.
Sobre a evolução das doenças cardíacas nos últimos 20 anos, a agência realça “mais óbitos do que nunca”. Em 2019, morreram 9 milhões de pessoas, refletindo uma alta de 2 milhões desde 2000.
Alzheimer
A doença de Alzheimer e outras formas de demência passaram a fazer parte da lista das principais causas de morte, ocupando o terceiro lugar nas Américas e na Europa em 2019. As mulheres são afetadas de forma desproporcional: 65% em nível global.
Os óbitos por diabetes aumentaram 70% em nível global entre 2000 e 2019. Nessa evolução se destaca o aumento de 80% dos casos fatais entre homens.
A redução de óbitos por doenças transmissíveis ainda é considerada um grande desafio em países de baixa e média rendas.
Em 2019, a pneumonia e outras infecções respiratórias inferiores eram a quarta principal causa de morte, um número que baixou quando comparado ao ano 2000. No total, as infecções respiratórias inferiores tendem a ceifar menos vidas do que no passado e o número global diminuiu em quase meio milhão.
Queda global
No declínio global de óbitos devido às doenças transmissíveis, um dos exemplos é o das complicações causadas pelo HIV, que passaram da oitava causa de morte em 2000 para a 19ª em 2019.
A situação reflete o sucesso dos esforços para prevenir a infecção, fazer o teste do vírus e tratar a doença nas últimas duas décadas.
Mesmo com complicações causadas pelo vírus sendo a quarta principal causa de morte na África, o total de óbitos caiu em mais da metade na região, de mais de 1 milhão em 2000 para 435 mil em 2019.