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Disparidade ocorre entre as populações urbanas e rurais e países de alta e baixa rendas.

Quase 2,2 bilhões de crianças e jovens não têm internet em casa  BR

Unicef/Christopher Herwig
Disparidade ocorre entre as populações urbanas e rurais e países de alta e baixa rendas.

Quase 2,2 bilhões de crianças e jovens não têm internet em casa 

Cultura e educação

Novo relatório do Unicef revela que disparidade afeta a próxima geração; UIT vê “lacuna particularmente grande” de acesso à banda larga móvel e uso da rede mundial. 

Um estudo de agências das Nações Unidas revela que 2,2 bilhões de crianças e jovens menores de 25 anos não têm internet em casa. O total corresponde a dois terços dos habitantes do planeta. 

A situação afeta l,3 bilhão de crianças entre 3 e 17 anos.  Em todo o mundo, 759 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos não acessam a internet de seus lares. 

Exclusão 

A pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e da União Internacional de Telecomunicações, UIT, destaca que em tempo de pandemia esta situação atrapalha a educação e formação. 

Exclusão digital mantém as desigualdades entre países e comunidades.
© Unicef/Tanya Bindra
Exclusão digital mantém as desigualdades entre países e comunidades.

 

O relatório revela que a exclusão digital mantém as desigualdades entre países e comunidades. Em nível global, 58% das crianças em idade escolar das famílias mais ricas têm conexão à internet em casa, contra 16% das mais pobres. 

A disparidade ocorre entre as populações urbanas e rurais e países de alta e baixa rendas: cerca de 60% de crianças em idade escolar nas cidades não estão conectados em casa contra um terço nas áreas rurais. 

Com cerca de 90% de alunos sem internet, a África Subsaariana e o sul da Ásia são as regiões mais afetadas.  

América Latina e Caribe 

Na América Latina e Caribe, pelo menos metade de crianças e jovens recebe internet em casa. Na região rural, 27%  das crianças e jovens acessam o serviço em comparação com 62% de áreas urbanas. 

Segundo o relatório, a disparidade digital entre áreas rurais e urbanas depende, em muitos aspectos, do nível de renda do país.  

Debate abrange poder das empresas do ramo em esferas econômica, social e política, além de seu papel no contexto das comunicações
UIT
Debate abrange poder das empresas do ramo em esferas econômica, social e política, além de seu papel no contexto das comunicações

 

Essas desigualdades no acesso à internet quase não existem em países de alta renda, mas são muito mais perceptíveis em países em desenvolvimento. 

Para a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, essa grande disparidade é mais do que uma lacuna digital, “mas um desfiladeiro digital”.  

Conectividade 

Ela acredita que para além de ser uma barreira à capacidade de crianças e jovens estarem online, a falta de conectividade “os isola do trabalho e os impede de competir na economia moderna”. 

Investimento em setores como conectividade digital pode apoiar inslusão
Pnuma/Lisa Murray
Investimento em setores como conectividade digital pode apoiar inslusão

 

Fore contou que o fechamento das escolas levou à perda de educação e que a “falta de acesso à internet está custando o futuro à próxima geração.” 

Cerca de 250 milhões de alunos ainda estão fora da escola tendo que depender da aprendizagem virtual. 

A crise pode piorar os níveis de educação dos que não têm acesso à internet. O documento realça que mesmo antes da pandemia, era crescente o número de jovens que “precisava aprender habilidades básicas, transferíveis, digitais, específicas para cada trabalho e empreender para competir na economia do século 21.” 

Acesso doméstico  

O secretário-geral da UIT, Houlin Zhao, realçou o desafio de conectar populações rurais. Uma das razões é que grande parte delas “não tem cobertura de uma rede de banda larga móvel e há menos residências no campo com acesso doméstico”.  

O representante considera “particularmente grande” a lacuna na adoção da banda larga móvel e no uso da internet entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. 

Menina de Timor-Leste mostra a plataforma online que usou para estudar enquanto sua escola esteve fechada, devido à nova pandemia de coronavírus.
Unicef/Bernardino Soares
Menina de Timor-Leste mostra a plataforma online que usou para estudar enquanto sua escola esteve fechada, devido à nova pandemia de coronavírus.