Violência em Cabo Delgado leva a aumento de 17% de deslocados moçambicanos
Dados do fim de novembro sugerem que 424 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas, 45 mil a mais que no mês anterior; Organização Internacional para Migrações, OIM, está apoiando com abrigos, serviços básicos e de saúde mental.
A Organização Internacional para Migrações, OIM, está profundamente preocupada com o deslocamento contínuo de civis no norte de Moçambique devido à insegurança na província de Cabo Delgado. O local é alvo de ataques de terroristas islâmicos e grupos armados.
Entre 28 de outubro e 25 de novembro, mais de 45 mil pessoas fugiram do distrito de Muidumbe, ao norte, devido a vários ataques.
Crise
Em comunicado, a chefe da missão da OIM em Moçambique, Laura Tomm-Bonde, disse que “os deslocamentos estão a aumentar no norte de Cabo Delgado à medida que continuam os ataques a populações civis.
Segundo ela, as famílias deslocadas são altamente vulneráveis e é necessário mais assistência para atender as necessidades humanitárias.”
Deslocados
Mais de 37 mil moradores de Muidumbe, a cerca de 100 km da fronteira entre Moçambique e Tanzânia, fugiram para o distrito de Mueda, no norte. Outros 5 mil mudaram-se para para Montepuez, no sul, e cerca de 3 mil pessoas tomaram a estrada para a capital Pemba.
Segundo a Matriz de Rastreamento de Deslocamento da OIM, em final de novembro, havia pelo menos 424 mil indivíduos deslocados, um aumento de 17% em relação ao mês anterior. Mais de 144 mil estão em áreas de difícil acesso devido a questões de segurança.
Nlabite Chafim, que integra uma família de oito indivíduos que fugiram pela floresta a pé em julho, contou que a sobrinha viu os pais serem assassinados e que desde então “não é mais a mesma pessoa”.
A família está recebendo assistência da agência, incluindo sessões de apoio psicossocial. Um dos irmãos recebeu materiais para recomeçar um pequeno negócio de carpintaria e assim sustentar a família.
A OIM também distribuiu abrigo, utensílios domésticos e estabeleceu pontos de prestação de serviços básicos. Além de saúde mental e apoio psicossocial, a OIM facilita o acesso a serviços de saúde e proteção.
Necessidades
De 16 a 22 de novembro, a agência rastreou mais de 14,4 mil pessoas que fugiram de Muidumbe. Cerca de 48% são crianças, 30% mulheres e 22% homens.
Entre as principais necessidades dos deslocados, estão alimentos, abrigo e utensílios domésticos.
A OIM recolhe dados sobre o deslocamento em cooperação com o governo de Moçambique. A informação é depois compartilhada com parceiros humanitários para planejar a resposta.
Entre abril de 2019 e outubro de 2020, a agência e seus parceiros assistiu cerca de 400 mil indivíduos em Cabo Delgado, afetados pela insegurança e pelo ciclone Kenneth.