Unicef alerta para 12 milhões de menores sem ajuda humanitária no Iêmen
Comunicado destaca que risco de crianças perderem a vida “é maior do que nunca”; agência destaca que pandemia tornou crise já profunda em uma catástrofe iminente; índices de desnutrição aumentaram 10% somente em 2020.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, chamou a atenção global para o impacto da fome sobre crianças iemenitas referindo que os “sinais de alerta estão claros há muito tempo”.
A diretora executiva da agência, Henrietta Fore, revela que mais de 12 milhões de menores de idade precisam de assistência. A maior crise humanitária do mundo é agravada pelo conflito que opõe o movimento rebelde houthi a forças do governo, apoiadas pela aliança internacional liderada pela Arábia Saudita.
Risco
A agência da ONU cita “níveis recordes” de desnutrição infantil aguda em algumas partes do país como efeito do aumento de 10% ocorrido este ano. Fore lembra que 325 mil crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição aguda.

Na semana passada, o secretário-geral da ONU convocou os doadores a apoiar a ação contra uma possível “pior fome em décadas”. Para o Unicef, o risco de crianças perderem a vida “é maior do que nunca”.
A agência realça, por exemplo, que mais de 5 milhões de crianças enfrentam a ameaça crescente de cólera e diarreia aguda.
Fatores como pobreza crônica, décadas de subdesenvolvimento e mais de cinco anos de conflito expuseram crianças e suas famílias à “combinação mortal de violência e doença”.
Pandemia
Em momento de pandemia, a crise profunda foi “transformada em uma catástrofe iminente”.
Henrietta Fore aponta questões como violência, dor e sofrimento num país onde a economia está em escombros. Ela lembra que o sistema de saúde está à beira do colapso há anos e cita “escolas, hospitais, estações de água e outras infraestruturas públicas essenciais danificadas e destruídas nos combates”.

A representante enfatiza ainda que o choque causado pelo desrespeito ao Direito Internacional Humanitário é gritante. O apelo feito às partes do conflito é que mantenham as crianças fora de perigo e abram acesso às comunidades.
Com presença de décadas no país, a chefe do Unicef disse que a ação aumentou para acelerar o apoio a milhões de crianças, aliviando seu sofrimento e salvando vidas. Mas Fore destaca que “não se pode travar a maré de forma indefinida”.
Plano
Ela incentivou a comunidade internacional a doar mais fundos lembrando que o ano está quase no fim e a agência recebeu 55% dos US$ 535 milhões necessários para o plano de auxílio humanitário de 2020.
Fore ressaltou que a guerra do Iêmen deve parar, mas também deve ser apoiada a economia e aumentados os recursos.
Para a chefe do Unicef, “não há tempo a perder” para as crianças que precisam de paz. Ela destaca que o fim do conflito é a única forma de se usar todo o potencial dos menores, retomar sua infância e ajudar a reconstruir o país.
