México: relatores da ONU pedem à polícia proteção para mulheres manifestantes
Em comunicado, grupo ressalta início da campanha de 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero, neste 25 de novembro; polícia reprimiu marchas anteriores com uso excessivo da força.
Um grupo de relatores de direitos humanos* da ONU emitiu um comunicado pedindo a autoridades no México que protejam as manifestantes que protestam contra a violência a mulheres, no país.
O comunicado antecede as comemorações dos 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero, que começam na próxima quarta-feira, 25 de novembro.
Mortes
Nessa data será marcado o Dia Internacional de Erradicação da Violência a Mulheres. Os especialistas em direitos humanos afirmam que as mexicanas que saem às ruas para pedir o fim da violência não podem acabar sendo atacadas elas mesmas.
Para os relatores, “nada pode ser mais irônico e indignante” que imagens da polícia mexicana atacando manifestantes pacíficas que repudiam a violência e morte de mulheres todos os dias no México.
No comunicado, o grupo afirma que as manifestantes pedem apenas uma vida sem violência para elas e as meninas mexicanas protestando contra o feminicídio, que é forma mais letal de violência à mulher.

Obrigação
Os especialistas dizem que mais do que nunca é vital que as autoridades mexicanas respeitem e protejam o direito à reunião pacífica. Segundo eles, algumas ameaças de assédio sexual, violência e prisão sofridas pelas mulheres, diariamente, no México, tornaram-se ainda piores.
O apelo ao governo mexicano, em todos os níveis, é para que cumpra a obrigação de criar um entorno seguro para as mulheres. E que elas possam exercer o direito à liberdade de reunião sem medo e represálias.
Em junho, os especialistas expressaram sua preocupação ao governo do México com a intimidação e as ameaças às defensoras de direitos humanos no país.
“Cultura de machismo”
Segundo os relatores, o México precisa adotar medidas concretas para lutar contra a “cultura do machismo” dentro da polícia, para fortalecer os mecanismos de prestação de contas e contra os estereótipos de gênero na sociedade.
O grupo diz que deve haver responsabilidade no país na forma como os agentes policiais tratam as mulheres manifestantes e as defensoras de direitos humanos.
Os 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero terminam em 10 de dezembro, quando é marcado o Dia dos Direitos Humanos.
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário por sua atuação.