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Fome aumenta no Iêmen e agências da ONU pedem aposta forte na paz   BR

Menina e seu irmão em assentamento de deslocados de Al Dhale'e, no Iêmen
Ocha
Menina e seu irmão em assentamento de deslocados de Al Dhale'e, no Iêmen

Fome aumenta no Iêmen e agências da ONU pedem aposta forte na paz  

Paz e segurança

Enviado especial da ONU ao país e chefes do PMA e do Ocha falaram ao Conselho de Segurança sobre a situação no país, que precisará de U$ 1,9 bilhão para combater a insegurança alimentar no próximo ano.  

O enviado especial da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, pediu hoje aos Estados-membros do Conselho de Segurança e às partes em conflito que façam "uma aposta firme na paz". 

Falando por videconferência, Griffiths apelou ao fim da guerra “abrindo o país e retomando a procura de uma solução política inclusiva.” 

Enviado especial da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths.
Enviado especial da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, Foto ONU/ Manuel Elias

Negociações 

Apesar de uma relativa calma, o enviado destacou “rumores” de que a violência pode aumentar em breve. Ele espera que os “surtos” não representem um retorno da violência mais generalizada no Iêmen. 

Griffiths falou do “processo árduo” de negociação que lidera há “muitos meses.” Embora as forças opostas tenham permanecido engajadas ao longo da mediação, ele destacou desafios econômicos e humanitários. 

Ele contou que é mediador e “não o negociador” e que as partes devem chegar a um acordo, e que “somente compromissos sérios e deliberados de seus líderes podem encerrar este conflito.” 

A Declaração Conjunta assinada pelas partes em conflito inclui um cessar-fogo nacional, medidas específicas para melhorar a vida dos iemenitas e a retomada do processo político para alcançar uma paz duradoura. Segundo ele, agora é o momento de tornar essas medidas uma realidade. 

O convidado da entrevista da OMS a jornalistas, nesta sexta-feira, foi o subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock.
Subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, ONU/Manuel Elias

Ajuda humanitária 

Já o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, disse que a tarefa mais urgente é "prevenir a fome generalizada". 

Segundo ele, muitos iemenitas “não estão passando fome, mas morrendo de fome.” 

Lowcok afirmou que todas as partes em conflito, membros do Conselho de Segurança, doadores e organizações humanitárias, “devem fazer tudo o que é possível para impedir isso.” Segundo ele, “o tempo está se esgotando." 

O chefe dos Assuntos Humanitários disse ainda que apenas 45% das necessidades de financiamento foram garantidas em 2020, com graves implicações para o acesso a alimentos e serviços de saúde. Ele pediu aos doadores que cumpram promessas pendentes e aumentem seu apoio. 

David Beasley lembrou que o mundo ainda enfrenta uma crise alimentar sem precedentes com
David Beasley, chefe do PMA, em visita a Sanaa, capital do Iémen, PMA/Marco Frattini

Segurança alimentar 

Já o diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos, PMA, David Beasley disse que existe uma “catástrofe anunciada” e que a miséria em um “nível totalmente novo” é uma questão de meses.  

Ele lembrou os avisos da agência em 2018 e 2019, mas afirmou que a situação agora é bem pior.  

A queda no valor da moeda local está tornando as provisões ainda mais caras e obstruções ao acesso humanitário estão diminuindo a confiança dos doadores. Ele afirmou que os “jogos” de acesso devem parar.  

Segundo Beasley, para evitar a fome em 2021, o mundo precisará desembolsar US$ 1,9 bilhão.  

Ele que a comunidade internacional “precisa agir agora” para evitar que as pessoas morram de fome no Iêmen. 

Pai com filho em assentamento de deslocados de Al-Dhale'e, no Iêmen
Ocha
Pai com filho em assentamento de deslocados de Al-Dhale'e, no Iêmen