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Mercado de trabalho na América Latina e no Caribe deve se recuperar lentamente   BR

Entre 2019 e 2020, houve redução global de 4,2% na taxa de emprego entre mulheres
Agência Brasil/Marcelo Camargo
Entre 2019 e 2020, houve redução global de 4,2% na taxa de emprego entre mulheres

Mercado de trabalho na América Latina e no Caribe deve se recuperar lentamente  

Desenvolvimento econômico

Novo relatório da Cepal e OIT destaca consequências no emprego da maior contração econômica dos últimos 100 anos; com a taxa de crescimento da última década, PIB não deve atingir os níveis de 2019 até 2025. 

A reativação do mercado de trabalho na América Latina e no Caribe será lenta e demorará muito para que os principais indicadores voltem aos níveis de antes da crise da saúde.  

A informação é de um novo relatório da Comissão Econômica para América Latina e Caribe, Cepal, e Organização Internacional do Trabalho, OIT. 

Crise 

Secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena.
Secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, by Foto: ONU/Cepal

Com a taxa média de crescimento observada na última década, de 1,8%, o Produto Interno Bruto, PIB, não deve atingir os níveis de 2019 até 2025. Já a taxa média dos últimos seis anos, 0,4%, apenas permite uma recuperação dentro de uma década.  

Segundo a pesquisa, para sair da crise, são necessárias políticas macroeconômicas ativas, juntamente com políticas setoriais que promovam o desenvolvimento sustentável com emprego. 

Também são necessárias políticas ambientais que estimulem o emprego e o crescimento, sustentadas por políticas fiscais, projetos de investimento intensivos em mão de obra e com enfoque na sustentabilidade ambiental. 

Ainda é necessário proporcionar financiamento e liquidez às micro, pequenas e médias empresas, com prazos mais longos e menor custo. 

Efeitos 

A pandemia foi um golpe sem precedentes nas economias e nos mercados de trabalho da América Latina e do Caribe. Nos últimos meses, a região teve a maior contração dos últimos 100 anos, com grandes impactos econômicos, trabalhistas, sociais e custos de produção. D

Vinícius Pinheiro, diretor do Escritório da OIT em Nova Iorque.
Diretor regional da OIT para América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro, Reprodução

Os grupos mais afetados foram os que não podem trabalhar em casa, mulheres, trabalhadores informais, profissionais de comércio, indústria, construção, jovens que acabam de ingressar no mercado de trabalho e trabalhadores menos qualificados.  

Os maiores efeitos foram sentidos no segundo trimestre do ano, quando cerca de 47 milhões de empregos foram perdidos na região em relação ao ano anterior. 

Muitos dos que perderam o emprego não conseguiram encontrar oportunidades de reingressar rapidamente no mercado de trabalho ou retiraram-se do mercado de trabalho. É por isso que as perdas de empregos se refletem apenas parcialmente no aumento do desemprego aberto, que passou de 8,9% no segundo trimestre de 2019 para 11% no segundo trimestre de 2020. 

Visão 

A pesquisa foi apresentada pelo diretor regional da OIT para América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro, e a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena. 

Em comunicado conjunto, eles disseram que “em termos de emprego, a crise da saúde afetou sobretudo grupos vulneráveis, aprofundando as desigualdades no mercado de trabalho.”  

Porto do Rio de Janeiro, no Brasil. Na região, cerca de 2,7 milhões de empresas devem fechar em 2020
Na região, cerca de 2,7 milhões de empresas devem fechar, Agência Brasil/Tânia Rêgo

Segundo eles, “uma visão estratégica deve vincular o desenvolvimento sustentável à geração de empregos.” 

Jovens 

A pandemia afetou fortemente o emprego de jovens entre 15 e 24 anos, em particular daqueles que estão a ingressar no mercado de trabalho pela primeira vez. 

De acordo com os dados disponíveis de quatro países da região, a queda no emprego para pessoas nessa faixa etária foi de 7,8 pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2019. 

O impacto da crise é maior entre os jovens porque há menos vagas de entrada, menos renovações de contratos temporários e menos contratações após períodos probatórios. 

Além disso, a menor probabilidade de obtenção de emprego enfraquece a procura de emprego, aumentando o número de jovens que não procuram trabalho nem estudam.  

A OIT e a Cepal apresentam várias propostas para resolver este problema. Entre elas estão formação através de estágios, subsídios para garantir participação dos jovens e serviços para apoiar sua reinserção no mercado de trabalho.