Banco Mundial: 2,8 bilhões de pessoas ainda cozinham com combustíveis poluentes
Cozinhar com querosene, carvão e outras fontes tradicionais prejudica saúde, produtividade das mulheres e clima. América Latina e Caribe ainda tem 71 milhões de pessoas nessa situação.
Um estudo recente do Banco Mundial revela que, em todo o mundo, 2,8 bilhões de pessoas ainda cozinham com combustíveis tradicionais e poluentes, como lenha, resíduos de colheita, carvão ou querosene.
A poluição causada por esses combustíveis dentro do lar traz prejuízos econômicos globais de US$ 2,4 trilhões. Os principais danos são à saúde, ao clima e à produtividade das mulheres, que muitas vezes são responsáveis por cozinhar para a família.
Energia

O acesso a métodos de cozinha considerados não poluentes, eficientes, convenientes, seguros e acessíveis faz parte do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 7, ligado ao setor de energia.
Dentre todas as regiões em desenvolvimento, a da América Latina e Caribe é a que mais tem acesso às chamadas tecnologias limpas de cozinha, como fogões elétricos. A estimativa é que 56% da população, ou 267 milhões de pessoas, já as usam no dia a dia. Pelo menos 71 milhões de pessoas, ou 15% da população, no entanto, ainda utilizam métodos poluentes.
O estudo calcula que o prejuízo para a América Latina e o Caribe é de US$ 87 bilhões, dos quais quase US$ 60 bilhões correspondem à saúde e à produtividade das mulheres. Em primeiro lugar, porque elas ficam sujeitas a queimaduras e doenças pulmonares, entre outras.
Além disso, enquanto saem para buscar lenha e outros combustíveis, elas também correm o risco de sofrer violência de gênero. Finalmente, se não precisassem fazer essa tarefa, elas teriam mais tempo para estudar e trabalhar fora de casa.
Ásia e África
No Leste da Ásia, 36% da população já tem acesso às tecnologias limpas de cozinha. No Sul da Ásia, 27%. No Sudeste Asiático, 21%. A África Subsaariana vem em último lugar, com apenas 10%.
Dentre todas as regiões em desenvolvimento, a da América Latina e Caribe é a que mais tem acesso às chamadas tecnologias limpas de cozinha, como fogões elétricos
Para universalizar o acesso às tecnologias limpas de cozinha até 2030, o relatório estima que seria necessário um aporte de pelo menos US$ 150 bilhões por ano. Desse total, US$ 39 bilhões seriam investidos pelo setor público para garantir que soluções modernas possam ser compradas pelos mais pobres.
O setor privado teria que contribuir com US$ 11 bilhões anuais, por meio da criação de produtos e modelos de negócio que tornem essas tecnologias mais acessíveis. Os US$ 103 bilhões restantes viriam da compra de fogões e combustíveis pelas famílias.
Aumentar o financiamento público e privado para essa área, aliás, é uma das recomendações do estudo. Além disso, incluir, no planejamento energético nacional, a modernização das fontes de energia para cozinhar. Finalmente, criar alianças de alto nível com líderes políticos para impulsionar a discussão em arenas globais e nacionais.
Apresentação: Mariana Ceratti, do Banco Mundial Brasil