ONU saúda acordo para “cessar-fogo duradouro e bem-sucedido” na Líbia
Nações Unidas mediaram diálogo em Genebra reunindo representantes da Comissão Conjunta Militar, conhecida como 5+5; secretário-geral disse que “este é um passo fundamental para a paz e estabilidade” no país.
As partes em conflito na Líbia assinaram esta sexta-feira um acordo de cessar-fogo, durante negociações promovidas pelas Nações Unidas em Genebra.
Falando a jornalistas, em Nova Iorque, o secretário-geral disse que “este é um passo fundamental para a paz e estabilidade na Líbia.”
Negociações
Os encontros aconteceram durante cinco dias e reuniram representantes da Comissão Conjunta Militar, conhecida como 5+5. O acordo é o resultado de quatro rodadas de negociações realizadas desde fevereiro deste ano.
O cessar-fogo também segue uma reunião no início de outubro, que o secretário-geral copresidiu com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, que ajudou a galvanizar os esforços da comunidade internacional.
Lembrando que o conflito começou em 2014, António Guterres afirmou que “muitas pessoas sofreram por muito tempo” e que “muitos homens, mulheres e crianças morreram como resultado dos confrontos.”
Ele apelou à comunidade internacional para que apoie os líbios na implementação do cessar-fogo e no fim do conflito. Isso inclui garantir o respeito total e incondicional ao embargo de armas do Conselho de Segurança.
Guterres pediu também que as partes em conflito “mantenham o momento atual e mostrem a mesma determinação em alcançar uma solução política para o conflito, resolvendo questões econômicas e abordando a situação humanitária.”
O chefe da ONU repetiu que “não há solução militar para o conflito na Líbia" e que “há muito trabalho árduo pela frente.”
Cessar-fogo global
O secretário-geral lembrou também seu apelo por um cessar-fogo global para que o mundo se possa concentrar em combater a pandemia de Covid-19.
Segundo ele, com a inspiração do acordo da Líbia, “agora é o momento de mobilizar todos os esforços para apoiar as mediações que ocorrem para acabar com os conflitos no Iêmen, Afeganistão e na Armênia e no Azerbaijão.”
História
Agora é o momento de mobilizar todos os esforços para apoiar as mediações que ocorrem para acabar com os conflitos no Iêmen, Afeganistão e na Armênia e no Azerbaijão
Em comunicado, a representante especial interina do secretário-geral e chefe da Missão de Apoio da ONU à Líbia, Stephanie Williams, disse que este é “um momento que ficará registado na história.”
A representante disse que o acordo “exige muita coragem.” Segundo ela, o documento “pode ajudar a garantir um futuro melhor, mais seguro e mais pacífico para todo o povo líbio.”
A enviada destacou “o senso de responsabilidade e compromisso em preservar a unidade da Líbia e reafirmar sua soberania” de todas as partes.
Stephanie Williams realçou o papel dos cidadãos líbios, dizendo que mais ninguém “pode entender o que precisa ser feito para restaurar e preservar o país”
Segundo ela, “a estrada foi longa e difícil”, mas as partes concluíram “um acordo para um cessar-fogo duradouro e bem-sucedido.”
Esperança
A expetativa da enviada da ONU é que “este acordo contribua para acabar com o sofrimento do povo líbio e permitir que os deslocados, tanto dentro como fora do país, regressem às suas casas e vivam em paz e segurança”.
A representante destacou o papel do presidente do Conselho da Presidência, Faiz Al-Sarraj, o presidente do Parlamento, Aqila Saleh, e comandante Khalifa Haftar, por seus esforços e apoio ao trabalho do comitê.
Ela pediu que não se esqueça os líbios que se sacrificaram por seu país, bem como os feridos e amputados no conflito.
A chefe da missão da ONU desejou ainda que as futuras gerações celebrem o acordo, pois ele “representa um primeiro passo decisivo e corajoso para uma solução abrangente da crise Líbia.”
Williams destacou ainda “muito trabalho pela frente nos próximos dias e semanas para implementar os compromissos contidos neste acordo.” Para ela, “é importante continuar com o trabalho o mais rápido possível, a fim de aliviar as muitas dificuldades que o conflito causou ao povo líbio.”
Terminando, a representante reafirmou o apoio das Nações Unidas, dizendo que fará o melhor para garantir que a comunidade internacional dê todo o seu apoio.