Nações Unidas pedem US$ 2,4 bilhões para resposta de emergência no Sahel BR

ONU organiza conferência de alto-nível para discutir situação humanitária; secretário-geral diz que região “está em um ponto de ruptura”; violência e insegurança levaram 7,4 milhões de pessoas à fome aguda; em dois anos, número de pessoas deslocadas aumentou de 70 mil para quase 1,6 milhão.
Esta terça-feira, as Nações Unidas organizam uma conferência de alto-nível para discutir a situação humanitária no Sahel, em parceria com a Dinamarca, Alemanha e União Europeia.
Para prestar ajuda humanitária até o final do ano e em 2021, as Nações Unidas estão pedindo US$ 2,4 bilhões.
Na região, a violência e a insegurança levaram 7,4 milhões de pessoas a uma situação de fome aguda. Em apenas dois anos, o número de pessoas deslocadas aumentou de 70 mil para quase 1,6 milhão.
Em mensagem sobre o encontro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirma que “a situação no Sahel Central está em um ponto de ruptura.” Para ele, o território “é um microcosmo de riscos globais convergindo em uma região.”
O secretário-geral diz que “soluções de longo prazo virão por meio do desenvolvimento sustentável, da boa governança e da igualdade de oportunidades para todos, especialmente os jovens”, mas avisa que “isso não vai acontecer durante a noite.”
Enquanto isso, o chefe da ONU afirma que a comunidade internacional “pode evitar que a crise se torne mais mortal e mais cara no futuro.”
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, afirma que se a agência e seus parceiros não tiverem acesso imediato a várias regiões, partes do Burquina Fasso, Mali e Níger podem ter níveis catastróficos de fome.
Em comunicado, o diretor regional do PMA para a África Ocidental, Chris Nikoi, disse que quando os trabalhadores humanitários “não podem chegar às comunidades vulneráveis, acontecem trágicos picos de insegurança alimentar e milhares de pessoas empurradas para a miséria.”
Em partes do norte de Burquina Fasso, por exemplo, existem mais de 10 mil pessoas isoladas devido à violência e aos conflitos. Para Nikoi, “o mundo não pode esperar para agir até que crianças, mulheres e homens morram.”
Além do agravamento do conflito e da insegurança, os trabalhadores humanitários são cada vez mais visados por grupos armados não estatais em Burquina Fasso, Mali e Níger.
O PMA, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz esse ano, está pedindo que os participantes da conferência encontrem maneiras de se envolverem com comunidades e atores locais, abrindo passagens seguras para a assistência humanitária.
A agência continua aumentando a assistência para responder ao aprofundamento da crise e às necessidades crescentes. Apenas em agosto, chegou a mais de 3,4 milhões de pessoas.