Em dia internacional, ONU pede atenção para “sofrimento desproporcional” de mulheres rurais
Pandemia prejudicou o acesso do grupo aos serviços de saúde; Nações Unidas apontam falta de informações certas e tecnologias para melhorar trabalho e cotidiano; em 2020, data incentiva desenvolvimento da resiliência.
As Nações Unidas marcam este 15 de outubro o Dia Internacional das Mulheres Rurais sob o tema “Construindo a resiliência das mulheres rurais na sequência da Covid-19”. A data pretende despertar a consciência das pessoas sobre os desafios, as necessidades e o papel social do grupo.
As mulheres rurais trabalham como agricultoras, assalariadas e empresárias em favor do desenvolvimento. Estatísticas da ONU realçam que elas são um quarto da população mundial.

Terras
A organização lembra, no entanto, que somente a quinta parte das mulheres do planeta é proprietária de terras. No campo, a outra desvantagem do grupo é a disparidade salarial entre os dois sexos, que chega a 40%.
As Nações Unidas calcula que se até 2025 houvesse uma redução da lacuna nas taxas de participação da força de trabalho entre homens e mulheres em 25%, isso permitiria aumentar o Produto Interno Bruto, PIB, global em 3,9%.
As Nações Unidas também acreditam que se o acesso a ativos agrícolas, educação e mercados fosse igual entre homens e mulheres rurais aumentaria a produção. A situação também baixaria o número de pessoas que passam fome entre 100 a 150 milhões.
Mas a organização afirma que com o tempo, as mulheres rurais vêm merecendo maior reconhecimento por garantirem a sustentabilidade das famílias e comunidades melhorando os meios de subsistência e o bem-estar em suas áreas.
Nutrição
Mulheres e meninas têm presença substancial na força de trabalho agrícola, incluindo o informal, e estão a cargo da maior parte dos cuidados não remunerados e domésticos. As contribuições delas se estendem para a produção agrícola, segurança alimentar, nutrição, gestão de terras, recursos naturais e construção de resiliência climática.
É na área rural onde vivem 1 bilhão de pessoas em condições de pobreza inaceitáveis no mundo
Mas mulheres e meninas do campo ainda sofrem de forma desproporcional com fatores como a pobreza apresentada em várias facetas. É na área rural onde vivem 1 bilhão de pessoas em condições de pobreza inaceitáveis no mundo.
Por isso, a ONU realça que em tempo de pandemia as necessidades de saúde da mulher do campo são exclusivas: baixa probabilidade de acesso a serviços de saúde de qualidade, medicamentos essenciais e vacinas.
Estas questões associadas às limitações causadas por normas sociais restritivas e estereótipos de gênero têm potencial de limitar a capacidade de acesso a serviços de saúde. Outro problema é que o grupo tem sido exposto ao isolamento, às informações incorretas e ao fraco acesso a tecnologias essenciais para melhorar seu trabalho e cotidiano.
Bloqueio

A ONU destaca que, ainda assim, o grupo tem estado na linha de frente da resposta à pandemia, prestando maiores cuidados não remunerados e trabalho doméstico. Um dos exemplos ocorreu na contenção comunitária para travar a expansão do vírus.
Em aldeias remotas, a organização pede maior foco no apoio às mulheres com novas medidas para aliviar o peso causado pela prestação de mais cuidados e que este seja redistribuído entre pessoas de ambos os sexos em famílias, serviços públicos ou comerciais.
A organização também incentiva que se criem mais infraestrutura e serviços suficientes oferecendo água, saúde e eletricidade para apoiar atividades produtivas, não remuneradas e domésticas que aumentaram durante a crise.
A pandemia também criou maior vulnerabilidade em setores como direitos das mulheres rurais à terra e aos recursos. O pedido é que se aumentem investimentos nas áreas rurais tendo em conta a perspetiva de gênero.
A organização realça que os indicadores de gênero e desenvolvimento colocam as mulheres rurais em pior posição do que homens do campo e mulheres urbanas em relação à pobreza, à exclusão e aos efeitos da mudança climática.