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Entidades da ONU pedem apoio humanitário e recuperação que cheguem aos mais necessitados.

Agências da ONU querem ação para evitar que mais 132 milhões passem fome por causa da pandemia    BR

Unicef/Mulugeta Ayene
Entidades da ONU pedem apoio humanitário e recuperação que cheguem aos mais necessitados.

Agências da ONU querem ação para evitar que mais 132 milhões passem fome por causa da pandemia   

Ajuda humanitária

FAO, OIT, Fida e OMS emitem declaração conjunta alertando sobre 3,3 bilhões de pessoas em risco de perder meios de subsistência; situação deve ser reflexo de impactos da Covid-19 em áreas como saúde pública, sistemas alimentares e mundo laboral. 

 

As roturas econômicas e sociais causadas pela pandemia devem elevar o número de pessoas subnutridas. No ano passado, 690 milhões enfrentavam essa situação no mundo. Em 2020, estima-se que até 132 milhões de pessoas a mais poderão passar fome.

Em declaração conjunta, quatro agências da ONU dizem que é essencial dar uma resposta rápida à situação “que deixa dezenas de milhões de pessoas em risco de serem arrastadas para a pobreza extrema”. 

Necessitados 

O grupo também recomenda que, ao mesmo tempo, seja garantido um apoio humanitário e de recuperação que chegue aos mais necessitados.

Jovens acreditam que pandemia irá atrasar sua entrada no mercado de trabalho
Jovens acreditam que pandemia irá atrasar sua entrada no mercado de trabalho, by OIT/Alin Sirisaksopit

Nesta terça-feira, as agências realçaram que “agora é momento de solidariedade e apoio globais, especialmente com os mais vulneráveis nas sociedades, especialmente em economias emergentes e em desenvolvimento”. 

Essa união é apontada como saída para “superar os impactos interligados de saúde, sociais e econômicos da pandemia e para evitar a escalada para uma catástrofe humanitária e de segurança alimentar prolongada”. 

E os efeitos disso seriam a perda dos ganhos atingidos no desenvolvimento, alertam a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura, Fida, a Organização Internacional do Trabalho, OIT, e a Organização Mundial da Saúde, OMS.

Trabalho 

As agências realçam que o mundo sofreu uma “dramática perda de vidas humanas” com a Covid-19, que também causou desafios sem precedentes em áreas como saúde pública, sistemas alimentares e mundo do trabalho. 

Cerca de 3,3 bilhões de pessoas correm o risco de perder os meios de subsistência. Os informais são particularmente vulneráveis, porque a maioria não tem proteção social, acesso a cuidados de saúde de qualidade ou perdeu meios de produção. 

O novo coronavírus destacou fragilidades no sistema alimentar depois do fechamento de fronteiras, das restrições impostas ao comércio e das medidas de confinamento.

Os agricultores perderam acesso aos mercados devido à situação “que dizimou empregos e colocou milhões de meios de subsistência em risco”.  Para as agências,  a segurança alimentar e nutricional de milhões ficou ameaçada, em especial em economias de baixa renda, por desemprego, doença ou morte de chefes de família.

Pobreza 

Para milhões de trabalhadores agrícolas, a crise expõe altos níveis de pobreza, desnutrição e problemas de saúde. Estas pessoas sofrem com a falta de segurança e proteção no trabalho e outros tipos de abuso. 

Estima-se que em todo o mundo, 400 milhões de postos de trabalho podem ser perdidos com a pandemia.
Estima-se que em todo o mundo, 400 milhões de postos de trabalho podem ser perdidos com a pandemia., by OIT/Yacine Imadalou

 

Em condições de insegurança, os trabalhadores  dependem de empréstimos predatórios ou do trabalho infantil. Entre os mais afetados pela situação estão migrantes.

O documento realça que garantir a segurança e a saúde de todos os trabalhadores agroalimentares será fundamental para salvar vidas e proteger a saúde pública, os meios de subsistência e a segurança alimentar.

As agências apontam que na crise da Covid-19 convergem a segurança alimentar, a saúde pública e as questões laborais, em particular nas áreas da saúde e segurança dos trabalhadores. 

Segurança 

Para abordar a dimensão humana da crise, o grupo apela que haja adesão às práticas de segurança e saúde no local de trabalho. Outro pedido é que seja garantido o acesso ao emprego decente e à proteção dos direitos laborais em todas as indústrias.

Entre as “ações imediatas e objetivas para salvar vidas e meios de subsistência” estão “a extensão da proteção social para a cobertura universal de saúde e o apoio ao rendimento dos mais afetados.” 

Os beneficiários envolvem trabalhadores informais e em empregos mal protegidos e mal pagos, incluindo jovens, trabalhadores mais idosos e migrantes. A situação das mulheres também deve merecer atenção especial, porque o grupo está sobre representado em empregos mal remunerados e na prestação de cuidados. 

A proposta prevê transferências de dinheiro, abonos de família e alimentação escolar saudável. Outras medidas são apoio ao abrigo e iniciativas de ajuda alimentar para retenção e recuperação de empregos e alívio financeiro de micro, pequenas e médias empresas.

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