Guterres realça otimismo quanto ao retorno da paz e estabilidade na Líbia
Paz e segurança
Tema dominou Reunião de Alto Nível na ONU; secretário-geral quer que interesses do povo sejam motor do diálogo; Guterres pediu “às partes externas com influência” que priorizem a paz, preparando reuniões das próximas semanas.
O secretário-geral, António Guterres, reafirmou que a solução da crise na Líbia continua sendo uma das prioridades das Nações Unidas. Esta segunda-feira, a organização acolheu uma Reunião de Alto Nível sobre o conflito em parceria com a Alemanha.
A mensagem do chefe da ONU realçou três pontos: primeiro o apelo a todos os líbios para que continuem trabalhando para um cessar-fogo dentro do Fórum de Diálogo Político da Líbia "tendo em mente os interesses do povo” do país.
Embargo
Guterres destacou ainda que se devem manter e implementar os compromissos assumidos em janeiro passado, na Conferência de Berlim sobre a Líbia. Ele pediu que haja um total cumprimento do embargo de armas do Conselho de Segurança.
Migrantes em um centro de detenção na Líbia.
Por último, ele apelou à união para que o país do norte da África seja novamente capaz de “oferecer serviços básicos e de segurança à população”, que vê piorar suas condições de vida com o conflito, a má governança e a corrupção galopante.
Face ao impasse em torno da cidade de Sirte e ao confronto direto entre as partes, Guterres lembrou que já pediu uma atitude construtiva e de inclusão para o cessar-fogo, levantamento do bloqueio do petróleo e retorno ao processo político.
O líder da ONU lembrou ainda que um encontro de políticos líbios realizado em Montreux, no Canadá, recomendou questões essenciais em favor de uma declaração política para a crise.
Cargos
Em Marrocos, o Alto Conselho de Estado e da Câmara dos Representantes abordaram, em Bouznika, a seleção de pessoas para ocupar cargos soberanos.
Para Guterres, a recente renúncia do governo “paralelo provisório” no leste e o anúncio da entrega do poder no final deste outubro “dão um ímpeto adicional aos atores líbios para se retomar o diálogo e conquistar um processo que ajudará o país a retornar “à paz, estabilidade e desenvolvimento sustentáveis.
Guterres destacou ainda que a Missão das Nações Unidas na Líbia, Unsmil, prepara reuniões e consultas entre as partes. A meta é facilitar o retorno das negociações internas inclusivas que estas sejam lideradas e conduzidas pelos líbios.
A guerra civil da Líbia envolve as forças do Governo do Acordo Nacional, GNA, reconhecido pela comunidade internacional, e combatentes do autoproclamado Exército Nacional da Líbia, LNA, leais ao general Khalifa Haftar.
Tanque militar danificado virou local de brincadeira para crianças em Bengazi, na Líbia
Guterres disse que no encontro da semana passada, representantes das partes se reuniram em Hurgada, Egito. Com apoio da Unsmil foram produzidas recomendações às Comissões Militares Conjuntas que estão ligadas a estes lados do conflito, que devem retomar reuniões nas próximas semanas em Genebra.
Zona desmilitarizada
Em agosto, as partes do conflito debateram questões militares e de segurança, como reforço da confiança, disposições para uma futura zona desmilitarizada, bem como as tarefas e responsabilidades da Guarda de Instalações Petrolíferas.
Guterres lembrou que os líbios continuam sofrendo tanto os efeitos do conflito como os da pandemia da Covid-19.
Ele citou questões como o tráfico de refugiados e migrantes, ao destacar que a expetativa da ONU é que ambos os lados do conflito assumam plenamente suas responsabilidades. A todas as “partes externas com influência” na situação, Guterres realçou que “devem colocar a paz em primeiro lugar.”
Para o secretário-geral, os eventos recentes no país representam “uma oportunidade rara de fazer progressos reais na busca de paz e estabilidade” na Líbia.