Piores chuvas no Sahel em uma década deslocam centenas de milhares de pessoas BR

Acnur busca auxílio para 700 mil afetados por enchentes; agência pede inclusão de refugiados, deslocados e comunidades anfitriãs na resposta dos governos; em um mês situação matou dezenas de pessoas em países como Burquina Fasso, Chade, Mali e Níger.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, mobiliza ajuda para mais de 700 mil pessoas afetadas por inundações na região africana do Sahel.
A meta dos esforços de auxílio é beneficiar famílias desabrigadas pelo fenômeno que desde agosto causou dezenas de mortos em vastas áreas de Burquina Faso, do Chade, do Mali e do Níger. A agência também oferece água potável e serviços de saúde aos necessitados.
As piores chuvas em mais de uma década já destruíram casas, instalações de saúde e campos agrícolas em todo o Sahel. A região já enfrenta violência intensa e indiscriminada que forçou mais de 3,5 milhões de pessoas a fugir das áreas de origem.
O diretor do Acnur para a África Ocidental e Central, Millicent Mutuli, disse haver refugiados, deslocados internos e seus anfitriões que “já estavam à beira do abismo e precisavam urgentemente de assistência.”
Para ele, as enchentes trazem um novo nível de sofrimento “que ameaça e ao mesmo tempo dificulta os esforços para responder a uma das piores crises humanitárias do mundo, que está entre as que cresce mais rápido.”
Toda a região teve perdas de infraestrutura, incluindo instalações médicas. O quadro teve impacto nas respostas à Covid-19 e doenças como malária e sarampo. Com a contaminação de fontes de água e saneamento aumentam os receios de alastramento da cólera.
As enchentes também destruíram safras “piorando a crise de alimentos e as vulnerabilidades dos agricultores e de suas famílias, cujo sustento depende dessas colheitas”.
No Níger, a nação mais atingida da região, as autoridades registraram 71 mortes, 90 feridos e mais de 350 mil afetados. O Acnur apoia deslocados internos em áreas onde estes fogem caminhando com água pela cintura ou remam em canoas.
A distribuição de milhares de kits de abrigos, itens de auxílio como roupas, cobertores e kits de higiene esgotou estoques de emergência em algumas áreas.
A agência apelou aos governos regionais que incluam refugiados, deslocados e comunidades anfitriãs na resposta às enchentes e suas consequências.
De acordo com o Acnur, a subida das temperaturas globais está mudando os padrões de precipitação em todo o Sahel. Esse cenário aumenta a frequência e a intensidade das inundações, secas e tempestades de areia.
Os riscos também aumentam para as comunidades hospedeiras e deslocadas que já enfrentam pobreza extrema, insegurança alimentar, conflitos armados e riscos climáticos. Este ano o quadro crítico da região é agravado pela pandemia.