Mais de 300 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas após intensificação da violência na província de Cabo Delgado, no norte do país; área, na fronteira com a Tanzânia, tem sido alvo de combates entre extremistas islâmicos e as forças do governo.*
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, informou que está preocupado com a situação dos moradores em Cabo Delgado, no norte de Moçambique. A agência da ONU atua na área, que sofre uma crise humanitária após a intensificação da violências nos últimos anos.
Cabo Delgado, conhecido por suas belezas turísticas foi arrasado com a passagem do ciclone Kenneth, no ano passado. Nos últimos, ataques de militantes extremistas islâmicos provocaram uma intensifcação das resposta por forças de segurança do país. De acordo com o PMA, sem financiamento adicional, a agência terá que reduzir a distribuição de alimentos já em dezembro.
Mulheres e crianças
Em comunicado, a representante do PMA em Moçambique, Antonella D’Aprile, afirmou que a crescente insegurança e a infraestrutura deficiente tornam difícil fazer chegar ajuda aos moradores. Com a Covid-19, a distribuição de alimentos tornou-se ainda mais complexa.
Desde 2017, Cabo Delgado tem sofrido com ataque de grupos armados não-estatais, que resultaram em perda de vidas e danificaram severamente a infraestrutura da província.
Milhares de pessoas fugiram para a Tanzânia, e analistas já manifestaram preocupação com uma regionalização do conflito.
Desnutrição
Cabo Delgado tem a segunda maior taxa de desnutrição crónica do país
O PMA lembra que com a violência e a insegurança, as comunidades perderam o acesso a alimentos e fontes de rendimento. A situação pode ficar ainda mais grave para as mulheres e crianças.
A província de Cabo Delgado tem a segunda maior taxa de desnutrição crónica do país. Ali, mais da metade das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crónica.
Milhares de deslocados internos procuram refugio nas províncias e países vizinhos. O PMA em colaboração com governo tem como plano atingir 310 mil pessoas por mês nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa com alimentos, apoio nutricional e vouchers.
*De Maputo para ONU News, Ouri Pota