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Na ONU, Moçambique lista desafios com atos terroristas no norte do país BR

O presidente de Moçambique Filipe Jacinto Nyusi no debate geral da Assembleia Geral.
ONU/Eskinder Debebe
O presidente de Moçambique Filipe Jacinto Nyusi no debate geral da Assembleia Geral.

Na ONU, Moçambique lista desafios com atos terroristas no norte do país

Assuntos da ONU

Presidente Filipe Nyusi disse que confrontos já mataram mais de 1 mil pessoas e que forças de segurança estão respondendo aos ataques de extremistas islâmicos na província de Cabo Delgado; partes das áreas de Manica e Sofala também são afetadas por homens armados.

Uma onda de violência provocada por ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique foi destaque no discurso do presidente do país, Filipe Nyusi, à Assembleia Geral da ONU, nesta quarta-feira, em Nova Iorque.

Num depoimento pré-gravado, por causa da pandemia da Covid-19, Nyusi contou que terroristas estão alvejando as províncias de Cabo Delgado. Em Manica e Sofala também ocorrem ataques armados de "alegados dissidentes da Renamo", o maior partido da oposição.

Discurso de Moçambique na 75a Assembleia Geral da ONU

Crime organizado

Segundo ele, o governo está “respondendo com firmeza” e com a ajuda da população. Áreas de Moçambique foram arrasadas pelos ciclones Idai e Kenneth no ano passado. E segundo o Programa Mundial de Alimentos, PMA, a nova onda de deslocamento interno por causa da violência causou uma crise humanitária. Muitos estão fugindo para a Tanzânia, o país vizinho.

Nesta quarta-feira, o presidente contou à ONU que cerca de 250 mil pessoas se tornaram deslocadas internos.

Segundo Filipe Nyusi, vários dos elementos armados têm associações com o crime organizado internacional. Ele agradeceu o apoio da ONU, do enviado especial do secretário-geral ao país e de outras entidades para enfrentar o desafio.

Nova onda de deslocamento interno por causa da violência causou uma crise humanitária em Moçambique.
ONU Moçambique/Philip Hatcher-Moore
Nova onda de deslocamento interno por causa da violência causou uma crise humanitária em Moçambique.

Desenvolvimento integrado

O presidente lembrou que o acordo de paz alcançado com os integrantes da Resistência Nacional Moçambicana, Renamo, em agosto de 2019, ajudou a desarmar 1 mil elementos das fileiras do movimento.

O líder moçambicano também anunciou a criação de uma Agência de Desenvolvimento Integrado para o norte do país que deve promover ações em Cabo Delgado, Nyassa e Nampula.

Ao citar o meio ambiente e a implementação do Acordo de Paris, Filipe Nyusi afirmou que Moçambique está investindo 10% do orçamento nacional no setor.

O país já conta com energia eólica, solar, hídrica e outras fontes renováveis de geração de energia elétrica assim como mais investimentos em gás natural.

O presidente agradeceu aos parceiros internacionais pelo apoio recebido no combate à Covid-19, que “afetou ainda mais as economias em desenvolvimento especialmente em África”.

Efeitos do ciclone Kenneth em Moçambique.
Ocha/Saviano Abreu
Efeitos do ciclone Kenneth em Moçambique.

Aniversário da ONU

Segundo Nyusi tanto as áreas urbanas como as rurais do país sofreram com a pandemia. Ele encerrou o discurso afirmando que a paz e a segurança internacionais, o desenvolvimento e os direitos humanos só encontram terreno fértil numa abordagem coletiva de atores mundiais.

O presidente reiterou o apoio de Moçambique aos princípios da Carta da ONU e aos valores da organização por ocasião do aniversário de 75 anos.