Covid-19 pode levar milhões de pessoas à exploração e formas de escravidão
Em relatório, especialista da ONU apela a defesa de direitos laborais e proteção social nos setores econômicos; documento exigindo responsabilização de Estados e empresas foi apresentado na 45ª sessão do Conselho de Direitos Humanos.
O relator especial sobre as formas contemporâneas de escravidão, Tomoya Obokata, pediu ações de proteção por parte de Estados e a prestação de contas de empresas devido aos graves efeitos da pandemia no setor trabalhista.
Em relatório apresentado na 45ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, ele afirmou que a Covid-19 “pode lançar milhões de crianças, mulheres e homens para as formas contemporâneas de escravidão e outras formas de exploração”.
Complexidade
O documento aponta “níveis históricos de subemprego ou desemprego, perda de meios de subsistência e perspectivas econômicas incertas”, como algumas das consequências complexas da pandemia, que atingiu os mais vulneráveis.
Obokata contou que a combinação dessa situação com as fracas redes de segurança e a fragilidade dos direitos trabalhistas e das regulamentações de proteção social em alguns países agravam o risco para os mais pobres.
Ele realçou que os Estados podem ter os direitos trabalhistas perdidos como uma solução rápida à luz da crescente pressão sobre as empresas como consequência da recessão econômica global. Mas o relator sublinha que no longo prazo, no entanto, esses mesmos Estados “pagarão um alto preço por remover a proteção e a dignidade dos trabalhadores.”
Empresas
Um dos principais pedidos do especialista é que as empresas que exploram trabalhadores vulneráveis na produção, no processamento e no fornecimento de medicamentos, equipamentos médicos ou de proteção individual durante a pandemia, sejam punidas.
Ele destaca que os direitos trabalhistas devem ser defendidos e a proteção social assegurada sempre. O relator enfatiza ainda que os países devem garantir que, no contexto da Covid-19 “ninguém seja deixado para trás e submetifos a práticas análogas à escravidão”.