Assembleia Geral renova compromisso com cultura de paz em evento de alto nível
Iniciativa marcou aniversário da Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz, aprovada em 1999; presidente da Assembleia Geral e secretário-geral destacaram riscos causados pela pandemia de Covid-19.
A Assembleia Geral das Nações Unidas acolheu, esta quinta-feira, um evento de alto nível sobre cultura da paz.
A iniciativa foi uma oportunidade para os Estados-membros renovarem seu compromisso com a Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz, aprovada em 13 de setembro de 1999.
Riscos
O presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande, disse que a pandemia “revela e aumenta as desigualdades existentes nas sociedades, contribuindo para um acréscimo das tensões.”
Ele destacou altas acentuadas da pobreza extrema e da fome e a interrupção da educação, que impactam erradicação da pobreza, insegurança alimentar, instabilidade econômica e desenvolvimento sustentável.
Muhammad-Bande ressaltou o aumento da violência a mulheres e crianças e trabalhadores da linha de frente. Segundo ele, “os impactos da Covid-19 são exacerbados para mulheres e meninas simplesmente em virtude de seu gênero.”
Para o presidente da Assembleia Geral, “a pandemia está longe de terminar e suas consequências a longo prazo ainda não são conhecidas.”
Segundo ele, a crise é “uma oportunidade de mudar o mundo”, reconstruindo melhor e alcançando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Vulneráveis
Já o secretário-geral, António Guterres, afirmou que as consequências econômicas da crise afetam de forma desproporcional os Estados mais frágeis, especialmente onde existem conflitos ou crises humanitárias.
Segundo ele, “à medida que a devastação cresce e se espalha, ela ameaça minar a confiança nas instituições públicas e nos processos democráticos, mesmo nos países mais desenvolvidos.”
Nações Unidas nunca enfrentaram uma ameaça tão complexa e multidimensional à paz e à segurança
A Covid-19 está expondo riscos para a saúde, mas também para economias e sociedades e para o futuro. Para o secretário-geral, a pandemia “está minando os esforços para a construção de uma cultura de paz em nível local, nacional e global.”
Guterres afirmou que, desde a sua fundação, as Nações Unidas nunca enfrentaram “uma ameaça tão complexa e multidimensional à paz e à segurança.”
Para ele, uma cultura de paz “deve ser centrada nos direitos humanos e no fim da injustiça e da discriminação com base no gênero, origem étnica, religião, deficiência ou orientação sexual.”
Mudanças
O chefe da ONU diz que é preciso “enfrentar as profundas desigualdades que impedem a dignidade e as oportunidades para todos.”
Para isso, ele defendeu mais investimento na coesão social, “reconhecendo que a diversidade é uma riqueza, não uma ameaça.”
Também apelou a “uma nova geração de proteção social, inclusive para os mais vulneráveis, baseada na Cobertura Universal de Saúde e na possibilidade de uma renda básica universal.”
A comunidade internacional deve ainda trabalhar para garantir o acesso universal à educação de qualidade e cooperar com o planeta, reconhecendo seus limites e responsabilidades para com as próximas gerações.
O secretário-geral destacou a importância do entendimento entre as diferentes culturas, realçando como a arte e a cultura permitem expressar verdades fundamentais sobre a humanidade.
Segundo ele, o mundo precisa ter a certeza de que “as comunicações digitais contribuem para a paz e não são usadas indevidamente para espalhar o ódio e o extremismo.”
António Guterres terminou afirmando que “o respeito, a empatia e a proteção dos direitos humanos e da dignidade devem ser o guia, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.”