ONU: ameaças de morte a Prêmio Nobel da Paz têm de ser investigadas BR

Médico congolês, Denis Mukwege, se pronunciou contra massacre de civis e exigiu responsabilização por abusos no leste da República Democrática do Congo; alta comissária de direitos da ONU, Michele Bachelet, quer ação contra ameaças feitas por telefone e em redes sociais.
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou profunda preocupação com as recentes ameaças de morte dirigidas ao Prêmio Nobel da Paz e ativista de direitos humanos Denis Mukwege.
Em nota, a representante pede “ação rápida para investigar quem está por trás das ameaças e que os autores sejam levados à justiça” por essas ações contra o médico da República Democrática do Congo, RD Congo.
Mukwege foi alvo de reconhecimento internacional por ter fundado o Hospital Panzi na cidade congolesa de Bukavu, no leste. Este foi um dos feitos que lhe valeram o Prêmio Nobel da Paz de 2018.
A alta comissária realça o trabalho de “várias décadas” em apoio a milhares de mulheres que sofreram violência sexual e de gênero no leste do país africano. Ela aponta que o médico é “um forte defensor de uma maior proteção de mulheres”.
Na nota, Bachelet também menciona ameaças de morte dirigidas ao Prêmio Nobel no passado, e uma tentativa de assassinato que este sobreviveu em outubro de 2012.
Ela chamou alarmante a “onda de novas ameaças” feitas a Mukwege e a membros de sua família através das redes sociais e em ligações telefônicas diretas após ele ter “condenado publicamente o massacre de civis no leste” congolês, e ter exigido a responsabilização de autores das violações e abusos dos direitos humanos”.
Michelle Bachelet realça que a vida do médico parece estar a “correr sério risco” e elogia o compromisso público do presidente Félix Tshisekedi para garantir sua segurança.
A expectativa da alta comissária é que Denis Mukwege e sua equipe recebam proteção das autoridades congolesas, para que seja garantido o “trabalho indispensável” que realizam no hospital de Panzi. De acordo com agências de notícias, o local atende mais de 400 mil pessoas, incluindo cidadãos de países vizinhos.
A alta comissária pode ainda uma investigação “eficaz, rápida, completa e imparcial das ameaças”. Para Bachelet é essencial que os responsáveis sejam levados à justiça e que a verdade seja conhecida. Ela realça que assim seria protegida a vida de Muwege, mas também inibiria as pessoas que atacam, ameaçam ou intimidam outros médicos e ativistas de direitos humanos.
Michelle Bachelet destaca que as ações do médico e seus colegas beneficiam o povo congolês, e muitas vezes acontecem “em circunstâncias excepcionalmente difíceis” no país africano.
Outro pedido da chefe de Direitos Humanos da ONU é que todas as autoridades relevantes condenem abertamente as ameaças.
A longo prazo, Bachelet quer que as autoridades congolesas adotem o projeto de lei sobre a proteção e regulamentação da atividade dos defensores dos direitos humanos de forma “totalmente consistente com os padrões internacionais”.