Mortes e casos da Covid-19 dobram na América Latina e Caribe nas últimas seis semanas
Saúde
Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, alertou para discrepância entre políticas implementadas e evolução da situação; aumento de casos no Caribe e entre jovens preocupa; seis países da região continuam entre os 10 Estados-membros com maior número de casos em todo o mundo.
Nas últimas seis semanas, as mortes por Covid-19 na América Latina e no Caribe dobraram e o número de novas infecções mais do que dobrou, aumentando para cerca de 12,5 milhões de casos e quase 450 mil mortes.
O alerta foi feito pela diretora-geral da Opas da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, durante uma entrevista a jornalistas sobre a situação na região.
Restrições
Carissa Etienne disse que esses dados “sinalizam uma necessidade urgente de implementar medidas de saúde pública para retardar a disseminação da Covid-19.”
Apesar dessa necessidade, ela diz que “aconteceu o contrário.”
Segundo ela, “os países relaxaram gradualmente as restrições, retomaram o comércio e alguns estão se preparando para voltar às aulas."
Etienne diz que "em muitos lugares, parece haver uma desconexão entre as políticas sendo implementadas e o que o gráfico com curva ascendente nos diz."
Para ela, “este não é um bom sinal.” A chefe da Opas afirmou que “desejar que o vírus desapareça não funcionará, apenas levará a mais casos, como se viu nas últimas seis semanas."
Situação
Seis países da região: Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Peru, Argentina e México seguem entre os 10 com maior número de casos em todo o mundo.
Carissa Etienne contou que as pessoas se acostumaram com o impacto desta pandemia e que os números relatados, semana após semana, podem deixar qualquer um indiferente. Apesar disso, ela afirma que “é preciso seguir os números e usá-los para orientar a resposta."
Esta não será uma luta que se vence de uma só vez, mas que durará várias rodadas
Para a especialista, esta “não será uma luta que se vence de uma só vez, mas que durará várias rodadas."
Ela disse que não é possível parar toda a transmissão, mas se os países permanecerem vigilantes e expandirem os testes, podem identificar melhor os picos e agir rapidamente para contê-los.
Exemplos
A chefe da Opas deu depois o exemplo do Chile.
Recentemente, em junho, as infecções no país subiram rapidamente. As autoridades analisaram os dados e expandiram drasticamente os testes, isolando casos e implantando pedidos para ficar em casa nas áreas mais afetadas. A estratégia funcionou. O país já tem menos notificações depois disso.
Outro exemplo é o da Costa Rica, que implementou ordens de permanência em casa quando tinha poucos casos. Esse tempo foi usado para se preparar, expandindo os testes e a capacidade do hospital. Mesmo que haja novos casos agora, os serviços de saúde estão preparados.
Etienne destacou ainda exemplos de iniciativas nas Bahamas, Argentina, Guatemala, Suriname e República Dominicana.
Caribe
A Opas também está soando um sinal de alerta sobre novas infecções no Caribe.
Durante os primeiros meses da pandemia, praticamente todos os países e territórios do Caribe evitaram grandes surtos. Mas agora, que as viagens aéreas estão sendo retomadas, vários países estão tendo mais casos.
Há duas semanas, as Bahamas tiveram uma subida de 60% em comparação com a semana anterior. Trinidad e Tobago tiveram uma subida de 25%.
Carissa Etienne lembrou que estes países dependem do turismo e não podem ficar fechados, mas disse que devem reabrir usando todos os recursos disponíveis para reduzir o risco.
Jovens
A agência também destacou a incidência desproporcional do novo coronavírus em pessoas mais jovens
A grande maioria dos casos notificados são pessoas entre os 20 e os 59 anos. No entanto, quase 70% das mortes são indivíduos com mais de 60 anos.
Etienne disse que esses dados mostram que “os jovens estão impulsionando a propagação da doença na região. " Para ela, este “é um lembrete de que combater a Covid-19 é uma responsabilidade compartilhada, não apenas entre países e regiões, mas entre pessoas, vizinhos e comunidades."