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ONU pede ajuda para mais de 300 mil pessoas afetadas por cheias no Iêmen  BR

Família deslocada no Iêmen. Muitos dos afetados pelas cheias já tinham abandonado suas casas devido ao conflito.
OIM
Família deslocada no Iêmen. Muitos dos afetados pelas cheias já tinham abandonado suas casas devido ao conflito.

ONU pede ajuda para mais de 300 mil pessoas afetadas por cheias no Iêmen 

Ajuda humanitária

País, que já enfrenta a maior crise humanitária do mundo, tem 80% de sua população precisando de assistência; crise da Covid-19 agravou situação dos iemenitas.

Cerca de 300 mil pessoas no Iêmen perderam suas casas, colheitas, rebanhos e pertences nos últimos três meses devido a chuvas torrenciais e inundações no país.  

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, informou que as enchentes vieram agravar uma situação já crítica para os iemenitas que vivem a pior crise humanitária do mundo. 

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Vítimas 

Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz do Acnur, Andrej Mahecic, disse que entre as vítimas estão deslocados pelo conflito civil. 

As áreas mais afetadas incluem Marib, Amran, Hajjah, Al Hudaydah, Taizz, Lahj, Aden e Abyan, onde as enchentes mataram pelo menos 148 pessoas nos últimos dois meses.  

Em Hababa, o rompimento da barragem de Al-Roone levou ao lançamento descontrolado de 250 mil metros cúbicos de água, afetando milhares de pessoas em áreas onde vivem deslocados internos. 

Muitos já viviam na pobreza, em abrigos superlotados e improvisados que foram arrastados ou sofreram graves danos. 

Agora, são forçadas a se abrigar em mesquitas, escolas ou com parentes, ou a viver ao relento, em prédios abandonados, alguns dos quais estão em risco de desabamento. 

Crise 

Muitas das vítimas também já lutavam para sobreviver, com falta de trabalho e dificuldades para pagar uma refeição por dia para suas famílias. 

Segundo o porta-voz do Acnur, “os níveis de desespero estão aumentando enquanto a pior crise humanitária do mundo vai piorando.” 

A agência está profundamente preocupada com o fato destas comunidades serem extremamente vulneráveis ​​à pandemia de Covid-19. 

Quase 4 milhões de deslocados internos, repatriados, refugiados e requerentes de asilo dependem de ajuda humanitária para sobreviver

Muitos iemenitas não têm chance de praticar distanciamento social e têm dificuldades de acesso a água potável. Além disso, a infraestrutura de saúde do país está gravemente danificada pelo conflito 

Riscos 

Milhares de pessoas ainda podem ser afetadas, porque a estação chuvosa deve continuar. A capacidade de muitas barragens está chegando ao limite e algumas estão em más condições devido ao abandono nos últimos anos por causa do conflito. 

Em Marib, a barragem já atingiu o limite e existe o risco de destruir o local onde vivem milhares de deslocados internos.  

O Acnur está prestando apoio de emergência, como cobertores e colchões, para milhares de pessoas. Junto com parceiros, também está aumentando a conscientização sobre medidas de proteção e prevenção da Covid-19. 

Apesar desses esforços, a agência continua tendo um problema de financiamento. Os estoques de itens de abrigo e socorro de emergência acabarão em algumas semanas. 

Depois de mais de cinco anos de conflito, mais de 80% da população do Iêmen precisa de assistência. Quase 4 milhões de deslocados internos, repatriados, refugiados e requerentes de asilo dependem de ajuda humanitária regular para sobreviver.