Violência causa danos em 40% das instalações hospitalares no noroeste da Nigéria BR

Campanha da ONU mobiliza recursos para apoiar milhares de desalojados fugindo das áreas de atuação do Boko Haram; em zonas de conflito, pandemia de Covid-19 piora situação humanitária de mulheres e crianças.
Pelo menos 10,6 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária urgente nos estados nigerianos de Borno, Adamawa e Yobe no noroeste. O alerta é do Escritório da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários, Ocha.
Em comunicado, o escritório descreve a situação do país mais populoso da África como uma das maiores crises no mundo. A situação piorou com a eclosão, no ano passado, de ataques violentos nos três estados onde atua o grupo terrorista Boko Haram.
O Ocha alerta que a pandemia da pandemia da Covid-19 pode causar estragos nas populações mais vulneráveis.
O número de necessitados é o mais alto desde que iniciou a resposta humanitária coordenada há cinco anos. A Covid-19 aumentou ainda mais o número de necessitados, que evoluiu de 7,1 milhões, em 2019, para 7,9 milhões no início deste ano.
O Ocha estima que 7,8 milhões de nigerianos enfrentem necessidade extrema e precisem de assistência imediata. Um apelo da ONU e vários parceiros pretende mobilizar mais de US$ 1 bilhão para ações de auxílio.
A comunidade humanitária diz temer que a Covid-19 se espalhe em acampamentos ou no seio das comunidades anfitriãs afetadas pela crise e agrave a vulnerabilidade das populações já fragilizadas. Entre elas estão mulheres, crianças, idosos e pessoas vivendo com doenças crônicas.
O apelo do pessoal humanitário no terreno é que os parceiros aumentem seus esforços e diminuam os efeitos da crise à longo prazo. Esta situação pode prejudicar as conquistas e progressos de recuperação, resiliência e estabilização para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Segundo a Ocha, a onda de violência no noroeste da Nigéria deixou mais de 40% das instalações hospitalares danificadas ou destruídas. Nas regiões de Bay, que integra os três estados vivem cerca de 1,9 milhão de desalojados.
Mais de 24 mil pessoas dormem ao relento e nos acampamentos e 80% vivem em condições de superlotação.
Com os abrigos temporários próximos um do outro, é impossível observar o distanciamento físico para prevenir a propagação da Covid-19.
A pandemia já afeta a educação das crianças e ameaça chegar a comunidades distantes e sem serviços básicos, podendo complicar os desafios de acesso da ajuda aos mais necessitados.
Dados oficiais dão conta que 80% dos que precisam de assistência humanitária na região de Bay são mulheres e crianças. Pelo menos 60 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas no primeiro semestre do ano devido a violência.
Autoridades e comunidades locais também recebem o apoio do Ocha para a preparação da reabertura das escolas. O escritório defende ações coordenadas e apoio financeiro para garantir inclusão e segurança para alunos e professores.