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Covid-19 tem impacto negativo na educação de mais de 70% dos jovens BR

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Covid-19 tem impacto negativo na educação de mais de 70% dos jovens

Desenvolvimento econômico

Novo relatório da Organização Internacional do Trabalho mostra que pandemia aumentou desigualdades e colocou em risco potencial produtivo de toda uma geração; 65% dos jovens afirma ter aprendido menos desde início da pandemia.

A crise da Covid-19 está tendo um efeito arrasador na educação e formação dos jovens, segundo um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho, OIT.

Desde o início da pandemia, mais de 70% dos jovens que estudam ou também trabalham foram afetados pelo encerramento de escolas, universidades e centros de formação.

O relatório destaca um fosso digital entre países de baixa e alta renda
O relatório destaca um fosso digital entre países de baixa e alta renda , Unicef/Daniele Volpe

Pesquisa

De acordo com a pesquisa, 65% dos jovens afirma ter aprendido menos desde o início da pandemia devido à transição das escolas para as aulas na internet e por causa do confinamento.

Apesar dos esforços para continuar a estudar, metade destes jovens acredita que irão terminar os seus estudos mais tarde. Cerca de 9% deles talvez abandone os estudos definitivamente.

A situação é ainda pior para os jovens que vivem em países de baixa renda, onde há menos acesso à internet, falta equipamento e, às vezes, não existe espaço nas casas para estudar.

Diferenças

A crise também destaca a existência de grandes diferenças entre as regiões. Enquanto 65% dos jovens em países de alta renda tiveram aulas na internet, apenas 18% dos jovens em países de baixa renda tiveram essa oportunidade. 

Em comunicado, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, disse que a "a pandemia tem provocado múltiplos choques nos jovens.”

Segundo ele, a crise “não só está a destruir os seus empregos e as suas perspectivas de trabalho, mas também compromete a educação e formação e tem um grave impacto no seu bem-estar mental.” 

Para o chefe da agência, a comunidade internacional não pode “deixar que isto aconteça." 

Um em cada seis jovens teve de deixar de trabalhar desde o início da pandemia

Futuro

De acordo com o relatório, 38% dos jovens sentem insegurança quanto às suas perspectivas de carreira, e consideram que a crise criará mais obstáculos, aumentando o período de transição da escola para o trabalho.

Alguns deles já sentiram um impacto direto. Um em cada seis jovens teve de deixar de trabalhar desde o início da pandemia.

Muitos dos trabalhadores jovens são mais propensos a trabalhar nos setores que foram mais afetados pela pandemia, como atividades de apoio, serviços e vendas, tornando-os mais vulneráveis.

Além disso, 42% dos jovens que continuaram a trabalhar viram seus rendimentos baixar.

Jovens acreditam que pandemia irá atrasar sua entrada no mercado de trabalho
Jovens acreditam que pandemia irá atrasar sua entrada no mercado de trabalho, by OIT/Alin Sirisaksopit

Participação

Apesar das dificuldades, os jovens estão usando sua energia para se mobilizarem e lutarem contra a crise. Um quarto deles realizou algum tipo de trabalho voluntário durante a pandemia.

A OIT diz que garantir que a voz dos jovens é ouvida é fundamental para dar uma resposta mais inclusiva à crise. Permitir que os jovens participem na tomada de decisão melhora a eficácia das políticas e programas e permite que eles participem no seu desenvolvimento.

O relatório também pede políticas urgentes e em grande escala para evitar que a pandemia não coloque em risco as perspectivas de emprego de toda uma geração.

A OIT destaca medidas como reintegração no mercado de trabalho das pessoas que perderam os seus empregos ou tiveram sua carga horária reduzida, garantia de acesso aos subsídios de desemprego e a medidas para melhorar sua saúde mental, como apoio psicossocial e atividades desportivas.