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Dezenas de refugiados entre vítimas mortais de explosão em Beirute BR

Equipe de resgate procura sobreviventes no Porto de Beirute
Ocha
Equipe de resgate procura sobreviventes no Porto de Beirute

Dezenas de refugiados entre vítimas mortais de explosão em Beirute

Ajuda humanitária

Agências da ONU atuam com governo e parceiros para prestar assistência às vítimas; famílias vulneráveis gravemente afetadas chegam a 10 mil; 37% dos centros de saúde foram atingidos; cerca de 70 escolas públicas e 50 escolas privadas foram danificadas.

Pelo menos 34 refugiados perderam a vida na explosão em Beirute, no Líbano, informou a Agência da ONU para os Refugiados, Acnur.

Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz da agência, Babar Baloch, disse que o número pode subir ainda mais. Em Beirute, vivem cerca de 200 mil refugiados. 

Explosão também danificou centros de saúde e escolas
Explosão também danificou centros de saúde e escolas, Ocha

Vítimas

Sete refugiados ainda estão desaparecidos. Outros 124 ficaram feridos na tragédia, 20 deles em estado grave.

O Acnur está trabalhando com equipes de resgate e outros parceiros para apoiar libaneses, refugiados e trabalhadores migrantes. A agência precisa de US$ 12 milhões para sua resposta de emergência.

O estoque de ajuda do Acnur no país não foi afetado e inclui kits de abrigo, cobertores, lonas de plástico, colchões e vários outros itens essenciais que foram disponibilizados para a Cruz Vermelha Libanesa e outros parceiros.

Ajuda

Já o Programa Mundial de Alimentos, PMA, está respondendo às necessidades alimentares. As primeiras estimativas indicam que até 10 mil famílias vulneráveis foram gravemente afetadas pela explosão e precisam de apoio urgente.

A agência distribuiu cestas básicas para 5 mil famílias altamente vulneráveis e está se preparando para aumentar a resposta. O PMA também forneceu cestas básicas para duas cozinhas comunitárias locais administradas por uma ONG local.

A agência também deve expandir seu programa de assistência em dinheiro. Em todo o país, deve aumentar a distribuição de alimentos por seis meses para cerca de 50 mil pessoas.

Danos no porto da cidade, o maior do Líbano, podem dificultar entrada de alimentos no país
Danos no porto da cidade, o maior do Líbano, podem dificultar entrada de alimentos no país, by Ocha

Por enquanto, as reservas de farinha de trigo apenas cobrem as necessidades por mais seis semanas. Os silos de grãos foram quase todos destruídos, o que pode aumentar os preços ainda mais. Segundo a agência, entre setembro de 2019 e junho de 2020 houve um aumento de 109% nos preços dos alimentos.

Para esta assistência, a agência precisa de US$ 235 milhões. 

Avaliação

Segundo a última atualização do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, pelo menos 160 pessoas morreram e mais de 5 mil ficaram feridas.

Uma primeira avaliação concluiu que, dos 55 centros de saúde primários existentes, 37% sofreram danos moderados a graves. Apenas 47% das instalações estão oferecendo seus serviços completos.

O Ocha diz que está crescendo a preocupação de que os danos ao Porto de Beirute possam aumentar a insegurança alimentar, que já estava crescendo devido à pandemia de Covid-19 e à crise socioeconômica.

Hospital da Unifil em Beirute, que está ajudando a tratar vítimas da explosão
Hospital da Unifil em Beirute, que está ajudando a tratar vítimas da explosão, by Unifil Chinmedcoy/Huang Shifeng

Crianças

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, pelo menos três crianças morreram e 31 precisaram de hospitalização. 

Algumas crianças feridas foram inicialmente separadas de suas famílias e, desde então, foram reunidas. 

Muitas famílias continuam sem abastecimento de água potável.

Escolas  

Esta terça-feira, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, afirmou que irá ajudar a reabilitar as escolas danificadas e apoiar o setor de educação.

A explosão levou à destruição parcial ou total de cerca de 70 escolas públicas e 50 escolas privadas em Beirute e áreas vizinhas. Esses danos podem interromper o novo ano escolar para cerca de 55 mil estudantes. 

A pedido do Ministério da Educação e Educação Superior, a Unesco coordenará os esforços de reabilitação escolar, para evitar duplicação de esforços. 

Em nota, o diretor do escritório regional da Unesco, Hamed Al Hamami, disse que “a reabilitação de escolas danificadas é uma das condições básicas para garantir o acesso à educação primária e secundária.”

A Unesco também fornecerá apoio técnico e financeiro ao Ministério da Educação e Ensino Superior. A meta é desenvolver soluções de ensino à distância e garantir que todos os alunos estão equipados com dispositivos tecnológicos que lhes permitam prosseguir os seus estudos à distância.

100 mil crianças tiveram casas destruídas ou danificadas na explosão em Beirute