Furacões e pandemia ameaçam mais de 70 milhões de crianças nas Américas BR

Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, diz que deslocamentos por causa de desastres naturais e interrupções de serviços de saúde devido à Covid-19 podem deixar menores vulneráveis ao vírus na América Central e no Caribe.
A estação de furacões que atravessa o Caribe e partes da América Central, este ano, está preocupando o Unicef.
Em comunicado, a agência da ONU alerta para o que chama de “ameaças adicionais de tempestades catastróficas” durante a estação atual, que dura até o fim de novembro.
Segundo o Unicef, mais de 70 milhões de crianças estariam ameaçadas, direta ou indiretamente, pela pandemia na América Central e no Caribe. Muitas delas vivem em áreas costeiras da região enfrentando um perigo dobrado à medida que se aproxima a fase mais ativa da estação de furacões.
Para a agência, as consequências de um desastre natural como deslocamentos, danos à infraestrutura e interrupções de serviços básicos, podem deixar crianças e famílias mais fragilizadas para enfrentar a doença.
O Unicef lembra que numa emergência, o vírus tende a se espalhar rapidamente. Geralmente, abrigos lotados não têm como impor distanciamento físico. Com danos à infraestrutura com falta de água e saneamento, tampouco se pode garantir medidas de controle como lavagem de mãos.
A pandemia também está colocando pressão sobre os serviços locais e nacionais de saúde na América Central e no Caribe. A agência afirma que muitos se perguntam como farão para responder após a passagem de um furacão com todo o impacto de destruição de um desastre natural.
Por causa da restrição de movimentos e de orçamentos nacionais devido à pandemia, muitos países estão tendo dificuldade para realizar os planos de contingência e preparação contra a estação de furacões.
O diretor regional do Unicef para América Latina e Caribe, Bernt Aasen, disse que nas próximas semanas, as crianças estarão sob uma dupla ameaça na região: a Covid-19 e os furacões. Segundo ele, os países precisam se preparar para evitar que o vírus de propague.
O Unicef alertou sobre a possibilidade de um aumento da intensidade de tempestades este ano no Caribe levando a um deslocamento forçado da população pelos próximos anos.
A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional acredita que existe 60% de chance de a estação 2020 ficar acima do normal em termos de atividade. Em média, são esperadas 15 tempestades, mais da metade serão furacões e quatro, grandes furacões.
No fim de maio, a tempestade tropical Amanda causou cheias e deslizamentos de terra em partes de El Salvador, Guatemala e Honduras. Pelo menos 33 pessoas morreram incluindo uma criança. Milhares ficaram desalojados. E todos os três países têm casos confirmados da Covid-19.
Em apenas 10 anos, entre 2010 e 2019, as tempestades causaram 895 mil deslocamentos de crianças no Caribe e 297 mil na América Central.
O Unicef afirma que tem atuado com autoridades em toda a região para preparar a resposta de saúde pública à pandemia com serviços de educação, apoio técnico a governos e às comunidades no Caribe e na América Central.
ma das iniciativas são as “Escolas Seguras” cuja meta é criar resiliência e fortalecer a proteção dos estudantes, educadores e da infraestrutura em caso de desastres naturais.